História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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almirante avistou a ilha Dominica, terra assaz grossa; costeou-a, e ao meio-dia surgiu à banda ocidental dela. Nesta ilha poucos refrescos se podem haver, somente algumas frutas; encontraram nela uma arvore com folhas quase redondas, que dá frutos semelhantes a uva verde, cujo sumo notaram ser mui útil aos doentes de escorbuto. A maior comodidade que esta ilha oferece, é um formoso rio, onde se pode fazer facilmente aguada: os nossos entraram por ele em bateis, e encheram os barris. O porto, em que se surge, fica um pouco ao norte deste rio, e tem bom ancoradouro com dez e mais braças; fica quase no meio da ilha. O almirante mandou também dar vista ao lado setentrional dela, e ali encontraram uma baía grande, mas sem ancoradouro, pois obra de um tiro de mosquete da praia não puderam tomar fundo. A 11 o Zutphen e Pinas tiveram ordem de seguir para Guadalupe, onde esperariam a frota. Estes navios navegaram por barlavento das quatro ilhazinhas, que são chamadas dos Santos, pela derrota do norte quarta a noroeste, e avistaram a barlavento uma ilha rasa, que supuseram ser Marigalante. Ao outro dia deram fundo em Guadalupe em vinte e cinco braças, fundo de areia. Os bateis tomaram terra, mas os nossos não viram pessoa alguma, e só no dia seguinte é que apareceram alguns selvagens, de quem houveram alguns refrescos. Vendo os selvagens que eram bem tratados dos nossos, por volta do meio-dia apareceram em numero muito maior; esta gente é formosa, e anda inteiramente nua. Os nossos encontraram uma canoa na floresta, a qual tinha algumas sete braças de comprido e uma de largo, e não obstante estas dimensões fora cavada em uma arvore. À tarde de 14 juntaram-se com eles o almirante e os seus navios. Para que pudesse tornar quanto antes à sua viagem, mandou o almirante todos os comissários dos navios fazerem em ordem trato de refrescos com os selvagens. Queixaram-se porém estes de que poucos refrescos tinham, por ali haverem ultimamente estado, diziam eles, os Franceses e Ingleses de S. Christovão, que puseram fogo a todas as hortas e cabanas, e certamente foi esta a causa de andarem estes selvagens tão esquivos e medrosos dos estrangeiros. Ao outro dia tornou a frota a dar à vela, e caminhou ao rumo do noroeste, e a 17 estava acercada de S. Christovão. De Guadalupe a Monserrate contam-se obra de onze léguas pela derrota do nornoroeste, de Monserrate a Nieves cinco léguas pela derrota do noroeste quarta a norte, e de Nieves à ponta setentrional de S. Christovão seis léguas pela derrota do noroeste quarta a norte. A 17 a frota chegou depois do meio-dia junto à ponta noroeste de S. Christovão, e ainda pode avistar Nieves, bem como S. Eustaquio e Sabá; e prosseguindo em sua derrota de longo das Virgens (que são muitas ilhazinhas entrecortadas a leste da ilha de S. Juan de Porto-Rico) e da costa da dita ilha de Porto-Rico, a 21 foi ver Mona, onde ao outro dia deu fundo. O almirante não se deteve muito tempo nesta ilha, partiu a 23, e navegou ora ao oeste franco, ora ao oessudoeste, e também ao oeste quarta a noroeste, pelo propósito em que estava de ter-se tão fora da vista de terra quanto possível fosse, para que os espanhóis não dessem logo fé de sua frota, e os navios inimigos assim avisados -não se deixassem ficar nos portos. Ao outro dia juntou-se com a armada o