História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

Página 118


prosseguiu em sua viagem, navegando pela derrota do oeste de longo da costa e depois pela do nornoroeste, com que foi ver a 8 depois do meio-dia a ilha das Aves, que se representa baixa e coberta de arvores altas. Ao seguinte dia viu Bonayre, onde só a 10 aportou. Ao outro dia saltou em terra uma boa força dos nossos em procura de animais e madeira vermelha; apanharam seguramente cem carneiros e cordeiros, afora os que mataram e comeram em terra. Celebrada a bordo a páscoa, tornaram a sair em terra, e divididos em três partidas entraram pelo sertão ; encontraram uma pilha grande de madeira cortada a machado obra de hora e meia de viagem da praia, e apanharam outra vez alguns cem carneiros. Em os dias seguintes foram mui diligentes em levar a madeira para bordo; embarcaram também uma porção de guaiaco, que não estava longe da praia. A 16 estava este serviço feito, e tendo sido postos em terra e soltos onze prisioneiros espanhóis e portugueses, quando veio a 17, a frota se fez à vela. Ao outro dia o navio Utrecht e o iate S. Domingo tomaram uma galera espanhola com carga de tabaco e muitas cousas de preço, em boa parte das quais a nossa gente pôs as mãos, primeiro que o general acudisse com as devidas providencias. Era um barco de aviso vindo de Comena com alguns espanhóis, que se esquivaram aos nossos no porto Mauricio. A frota governou ao nornoroeste com tempo mui áspero, e a 20 houve vista da ilha Hispaniola, e abaixo dela das ilhazinhas chamadas Frailes. O capitão do Goude Sonne teve ordem de navegar de longo da costa e perto dela para observar todas as barras e abras, e para este efeito se lhe ajuntaram o navio Goude Meulen e a chalupa grande. A 24 foram diante das Salinas, e na chalupa grande e na deles entraram a barra a ver si estavam surtos alguns barcos, mas não encontraram nenhum; na tarde deste mesmo dia deram fundo na ilha Vaca. A 26 a frota surgiu junto à aguada do cabo Tiburon, e com ela juntaram-se a 29 os outros navios, depois que deram uma vista a ilha Vaca e a baía de Hispanhola. Encontraram também ali o capitão Lucifer e Geleyn van Stapels [nota34] com seu iate e pequeno batel, os quais haviam estado no rio das Amazonas. Neste lugar foi concertado o naviozinho espanhol, e apercebido de tudo para navegar de conserva com a frota. Esta partiu a 3 de Maio, depois que se provera bastante de água, e navegou pela derrota do oessudoeste; o tempo estava algum tanto calmo. Ao outro dia passou pela ilhazinha Navaza. A 5 houve vista de Jamaica, e porque o vento soprava do sul, não pôde montar a ponta meridional de dita ilha. O general resolveu mandar alguns navios rodearem-na pelo sul e outros pelo norte; não puderam porém montar a ponta sudeste. Aqui juntaram-se com a frota o navio Nieuw-Nederlandt e o iate West-cappel. A 8 a frota surgiu ao remate ocidental de Jamaica junto dos outros navios. Ali o solo é igual e formoso com bonitos prados em alguns lugares.O sota-almirante que com o Valck e o Goude Sonne fora mandado dar uma vista à ilha rodeando-a pelo norte, montada a ponta nordeste, governou ao oesnoroeste, (rumo que leva geralmente a costa), e assim caminhou algumas vinte e oito léguas, e governou depois ao oeste quarta a noroeste. Calculou que toda a costa tem o comprimento de trinta e seis léguas, sendo assas