História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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seguinte dia os bateis entraram mais para dentro do porto, e foram ter a um lugar, onde havia algumas casinhas; acharam ali muitas laranjas, milho e outros refrescos. O general ordenou aos capitães que dessem querena e limpassem os navios, que por navegarem muito tempo, andavam mui sujos. Os espanhóis, sabendo da vinda dos nossos, foram ter aquelas casinhas e as queimaram, bem como o milho que ainda havia nelas de modo que, quando os nossos a 7 tornaram a elas para tomar o que lhes conviesse encontraram tudo queimado e destruído. O general ia de quando em quando aos navios que estavam surtos junto da ponta. Dentro do porto procuraram os nossos água doce por toda a parte, mas a não acharam, o que é um grande senão para este excelente sítio. Assim, limpos todos os navios, e providos de lenha e lastro, quando vieram a 23, por volta de meia noite, começaram a sair, e sendo manhã eram fora da barra, e ali surgiram.Neste entretanto os espanhóis do castelo grande junto da salina mataram dois soldados e agarraram seis, dos navios que estavam carga de sal na pequena salina, quando se achavam eles em terra descuidados e entretidos em pescar: e sem duvida teria o inimigo tomado também o bate, si não acudissem bravamente os dos navios, jogando os seus canhões contra ele. Ao outro dia todos os navios trabalharam por juntar-se com os que estavam junto da ponta, o que porém só conseguiram a 25. O general, avisado da prisão de alguns dos seus, empregou todos os meios por libertá-los; mandou recado ao governador do castelo, propondo-lhe a comutação dos seus por muito maior numero de prisioneiros espanhóis, mas o governador não atendeu a cousa alguma, pretextando ordens em contrario do seu amo de mandar todos os prisioneiros para Espanha. A 28 o iate Porto Rico foi despachado para a Republica, para trazer cartas e dar razão do que passara até ao presente, e o general seguiu com sua frota para Santa Fé, a cuja vista chegou uma hora depois do pôr do sol.Aqui foram imediatamente desembarcados todos os soldados para guardar a gente que fazia aguada; e a fizeram com tal prontidão, que em dois dias ficaram os navios assaz supridos de água. A água deste lugar é loa, e fácil de buscar no lado meridional da baía diante de um riozinho de água doce; mas como este sitio dista somente cinco léguas da ponta de Araya, e fica perto de Comera, não ha fazer aguada nele senão à mão armada. Apanharam algumas cabras nas ilhazinhas, que demoram diante da costa da terra firme, isto é aos 2 dias do mês de Abril, que foi quando a frota se fez à vela. Depois do meio dia com a brisa ou ventos de leste deitou caminho pela derrota do oeste, e sendo fora dias ilhazinhas singrou, e à noite orçou para não escorrer Commanegot. O capitão Banckert teve ordem de fazer a travessa de Hispaniola com o navio Jonghe Tijger, a fusta e o N iew -Nederlandt, para ver si podia apresar alguns navios espanhóis. Sobre a noite do seguinte dia a, frota chegou diante de Commanegot: o general mandou adiante um iate que navegasse de longo dia costa para ver si em alguma parte estavam surtos navios inimigos. O general, tendo mandado a todos os navios cartas fechadas, por onde se governariam, caso sucedesse apartarem-se uns dos outros,