a praia e terras grossas. Havia à margem desta lagoa um pequeno povoado, onde tinham os Portugueses uma capela. O capitão Stapels seguiu para lá com uma escolta, e não encontrou os Portugueses, pois haviam fugido, mas os indígenas, que se deixaram ficar, e o trataram mui amigavelmente: encontrou também em uma casa trinta caixas de açúcar. Em os dois dias seguintes levantou-se uma trincheira em terra, e no terceiro barracas para os doentes. Os indígenas, que moravam nas terras adjacentes, vieram ter com os nossos, e lhes ofereceram seus serviços contra os Portugueses, cujo jugo suportavam mal sofridos. À 25 o capitão Boshuysen teve ordem de fazer uma entrada no sertão com sessenta soldados e alguns marinheiros, em procura de refrescos para os doentes, sendo-lhe muito encomendado que não ofendesse os indígenas, nossos amigos. Este capitão tornou a 19, trazendo uma Portuguesa, quatro cavalos, e cousa de cem laranjas vira muitos animais, mas, por estarem muito internados; não os pôde trazer. Ao outro dia foram desembarcados todos os doentes. Na entrada de Julho o capitão Swart foi mandado com cento e cinqüenta soldados, e o vice-almirante Jan van Dijcke com igual numero de marinheiros a uma excursão em dez bateis e esquifes; acompanhados de cinqüenta indígenas armados de arcos e setas. Esta gente voltou a 4 com quatro animais mortos e alguns côcos;[nota 30 ] haviam encontrado junto do rio Mamanguape três bandeiras de Portugueses, e não se portou muito bem nesta ocasião o capitão Swart, pois se não foram os outros oficiais, que se houveram melhor, e não acudira o vice-almirante, a nossa gente houvera recebido grande dano. Tiveram os nossos três mortos e alguns feridos, mas levaram à melhor e puseram os Portugueses em fugida. Os indígenas tomaram uma das bandeiras deles, a qual fizeram imediatamente em pedaços.A 3 o capitão Boshuysen foi de novo mandado com doze bateis e esquifes, em que iam cento e sessenta soldados, uma porção de marinheiros e indígenas, ao dito rio para remontá-lo um pouco mais. Voltou a 8, tendo subido o rio Mamanguape, segundo seu cálculo, algumas sete ou oito léguas; encontrara algumas casas de Portugueses, mas não vira gente, a não ser talvez para o fundo rio, conforme sua suposição, uma partida de Portugueses, que, notando que a nossa gente desembarcava, se pôs em salvo, sem ousar esperar o inimigo, abandonando a sua bagagem. Desta entrada trouxeram dezessete rezes. Ao outro dia pela manhã o capitão Stapels tornou a subir o mesmo rio com doze bateis, voltando estes três dias depois com sete rezes; quanto ao capitão veio por terra com sua gente, e chegou a 13 no quartel, sem ter encontrado inimigos. A 19 o capitão Vzeel com uma partida de soldados e indígenas fez uma entrada, caminho do Rio Grande encontrou um engenho com algumas trezentas caixas de açúcar, e mui numeroso gado, mas não pôde trazer este nem aquelas, por ter de fazer um longo caminho por matas bastas, bem como durante duas ou três horas por água. Chegou ao quartel a 23 sem trazer cousa alguma, salvo os indígenas que trouxeram limões para os doentes.Entrou agora em deliberação um negócio grave - o que cumpria fazer
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional