lesnordeste. A 7 não era longe da costa, diante do rio de S. Francisco. Ao outro dia tornou a dar-lhe um tempo mui forte, e como pairava diante do dito rio, onde saem ao mar baixos e parceis, não correu pequeno risco. Esta tormenta durou um ou dois dias, e era para recear andar a armada assim a discorrer sobre costa a sotavento.Privada a companhia de refrescos, como havia muito o estava, diariamente morria muita gente, e tal era o numero dos doentes em alguns navios, que não se podiam marear as velas. À manhã do dia 16 era a armada em través com o cabo de Santo Agostinho. O general mandou o Goude Sonne para Pernambuco a ver como as cousas por lá iam, e se podia surpreender algum navio inimigo. Ao seguinte dia era a armada de través com a ilha de Tamarica; correu ao longo da costa, e surgiu à noite. Ao outro dia tornou a dar à vela, indo surgir uma légua a barlavento do rio Paraíba, onde o general resolveu fazer entrar os navios mais boiantes. O Goude sonne tornou a juntar-se com ele: no dia 17 dera caça a um pequeno barco até adiante do Recife de Pernambuco, onde vira surtos alguns trinta navios, os mais deles pequenos, somente dois ou três grossos com os mastaréus arriados. A 19. posto não fizesse muito bom tempo, o almirante Veron no navio do capitão Banker, com mais um ou dois, que demandavam pouca água, e acompanhado de alguns soldados, seguiu para o rio Paraíba, mas, chegando diante dele, o seu navio deu em seco, e os outros, que ainda estavam de fora, em vendo isto, deitaram ancoras ao mar em cinco braças, perto de costa a sotavento, mas em bom fundo. Imediatamente o almirante Veron mandou uma chalupa sondar o rio, a qual não encontrou mais de quatro, cinco e seis pés de água. O forte de Cabo Delo atirou contra os nossos navios, mas os seus tiros não acertaram. Por causa do tempo forte que fazia, não foi possível safar o navio este dia. Ao outro dia tempo mui rijo e chuvoso com que ainda não puderam fazer cousa alguma. O general, entendendo que com navios tão pesados não se podia deter sobre costa a sotavento, determinou seguir com eles para a Baía da Traição, que fica cinco léguas ao norte da Paraíba. Ao outro dia, por volta do meio-dia, os mais navios se juntaram com ele.Esta Baía está situada na altura de 6 gr, e um terço à banda do sul, uma grande légua no norte do rio Mamanguape, do qual se lançam uns arrecifes ate diante de dita baía. Nestes arrecifes há três abertas; por onde se entra na baía: entre a extremidade setentrional deles e a praia há um parcel; por ambos os lados do qual se passa, quer entrando, quer saindo, e pode-se surgir tanto avante como se queira; mas adiante é melhor, porque, em se entrando algum tanto, encontra-se fundo agudo, e águas pouco profundas. A terceira barra é no remate setentrional por entre os mesmos arrecifes, mas só dá passagem a navios pequenos e iates: as outras entradas dão passagem a navios grossos: e com seis, sete e oito braças de água. Estes arrecifes de preamar ficam alagados, mas de baixa-mar se descobrem, e servem de anteparo aos navios, que surgem dentro na baía, porque neles arrebenta o mar. Em terra encontram-se somente algumas matas e uma grande lagoa, que tem de largo um quarto de légua, e prolonga-se por espaço de duas entre
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional