História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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ulteriormente. Mui embaraçado se achava o general, pois para tentar presentemente alguma interpresa contra o inimigo, não tinha ordem expressa da Assembléia dos 19, nem, quando a tivesse, tinha escolhido para começar um lugar muito acomodado, (não se sabia então quais as vantagens e capacidade do lugar), e no peito trazia guardados outros desígnios; por outro lado abandonar os indígenas, que se deram muita pressa em se lançar com ele, e por fazerem conta que as nossas aqui permaneceriam, já haviam praticado tantas hostilidades contra os portugueses, era duro e estranhável. Todavia foi este o voto que enfim venceu, isto é, que era preferível pôr por obra outras facções, que em algum modo lhe foram encomendadas, e reservar, para tirar proveito delas em outra ocasião, as boas disposições que aqui encontraram, e quanto aos indígenas, cometer a eles mesmos o guardarem-se o melhor que pudessem. Os indígenas, sabendo que os nossos estavam deliberados a partir, ficaram também mui perplexos, pois previam qual a sorte que os aguardava, por ser certíssimo que os portugueses os haviam de castigar e tomar emenda deles; muitos trabalharam com os nossos que os levassem, mas, como não havia para isto bastantes provisões, somente poucos foram aceitos, e força foi que a mor parte deles se lançasse a monte.[nota 31 ]Reembarcada, a nossa gente, saíram todos os navios na entrada do mês de Agosto, e porque não seguiram todos o mesmo caminho, tornaram a surgir fora da baía em quinze braças. O general Boudewyn Hendricksz, escolheu para navegar de conserva consigo dezoito velas, entre navios e iates, a saber: Roode Leeuw, Witte Leeuw, Leyden, Blaeuwe Leeuw, Gulde Valk, Nieuw-Nederlandt, Hoope van Dordrecht, Geele Sonne, Kleyne Tyger, Utrecht, Hoorn, Medenblick, Guide Molen, Vlissingen, West-Cappel, Goode Sonne, e os navios fretados Koninginne Hester e Jonas. Passar-se-íam à África com o almirante Veron doze navios; os mais ou seguiriam de rota batida para a Republica, ou andariam às presas por esses mares. Separaram-se uns dos outros a 4, e seguiu cada qual o seu destino. Antes porém de dar razão do que fizeram uns e outros, ocupar-nos-emos brevemente com o Vosken, que ficou nas costas do Brasil.A 26 de Julho tomou em altura de 12° a banda do sul um naviozinho com carga de vinhos, partido da ilha da Madeira em demanda de Angola; nele foram postos sete dos nossos, A 11 de Setembro tomou outro naviozinho, procedente de Pernambuco, em altura de 13° ao sul do trópico de Câncer, e nele foram postos nove homens, posto que a companhia se compusesse somente de trinta e seis. Finalmente a 26 tomou mais um navio, procedente da Bahia, com carga de açúcar e tabaco, em altura de 28" à banda do norte, e nele foram postos oito homens. O de Pernambuco, cuja carga foi baldeada, continha trinta e três caixas de açúcar, cinco rolos de tabaco, couros e mercadorias; o da Bahia, que trouxeram a Zelândia, continha trezentas e cinqüenta e oito caixas de açúcar, dezoito e meia caixas de tabaco, duzentos e nove couros, seis colubrinas, e munições de guerra.Agora acompanharemos o general Boudewyn Hendricksz, em sua viagem. Aos dias de Agosto abandonou essas funestas costas do Brasil, onde