quis deter em parte alguma para chegar quanto antes à Bahia), e depois de muitas calmarias, de uma marcha lenta, e de haver adoecido muita gente, a 23 de maio, sendo em altura de 14° e 20 ou 30', houveram vista da costa do Brasil. Sobre a tarde era o general perto de terra, e A noite fez-se ao largo outra vez. À manhã de 24 tornou a se aproximar de terra; viu uma vela diante do rio Tinhary [^nota-29], que não pôde alcançar, e sobre a noite surgiu obra de oito léguas ao sul da Bahia, e três ao norte de Tinhary, em treze braças, fundo de pedra. Ao seguinte dia, encontrou-se com ele o iate Vosken que fora mandado adiante para saber como corriam as cousas na Bahia), cujo capitão deu nova ao general como no dia 9 deste mês tomara um navio vindo de Portugal, carregado de viveres para a armada espanhola, e a 12 mais outro carregado de vinhos, também para provisão da mesma armada, os quais porém a 13 lhe foram retomados com dezenove ou vinte dos seus, que neles eram; estivera depois diante da Bahia, onde vira surta uma grande armada de navios espanhóis, mas não sabia o que ocorrera relativamente a cidade, porque quatro galeões lhe deram caça. O general, confiando que a cidade não se havia rendido, permaneceu no seu anterior propósito de ali acometer a armada espanhola; dividiu a sua (que então se compunha de trinta e quatro navios) em quatro esquadras, e para que cada navio facilmente conhecesse o seu chefe, o general arvorou o seu pavilhão no mastaréu de joanete grande, o almirante Veron no topo do mastaréu de gávea, o vice-almirante Andries Claesz, no mastaréu de velacho, e o chefe da quarta esquadra na verga de gávea. Mandou adiante um ou dois iates a observar a disposição do inimigo, e passou ainda esta noite ancorado ao abrigo da ilha de Taparica. A 26 os nossos endireitaram resolutos para a barra da Bahia, indo na frente o general no seu navio, e em seguida os mais na ordem determinada. Mas, por volta de uma hora da tarde, ao montar a ponta da curva, em que demora a cidade, viu o general, muito a seu pesar, que tremulava a bandeira espanhola no baluarte da cidade de S. Salvador, e que os navios do general e almirante inimigos, e todos os mais navios grossos estavam surtos ao abrigo das baterias; viu também vários navios desmastreados cosidos com a praia, e providos de duas bandas de artilharia. Dos navios inimigos já mais de vinte velejavam, retirando-se lentamente para as baterias, supondo atrair os nossos, a quem não tinham animo de agredir nem de esperar. Vendo isto, o general mandou arriar as velas de gávea, e esperou o almirante Veron, com quem houve conselho sobre o que cumpria fazer naquela conjuntura. Ambos houveram que não era acertado melhorarem para dentro da Bahia, pois claro estava que o inimigo se fizera senhor da cidade; estava a praia coberta de gente (os rendidos), e havia na enseada que a terra faz, muitos hartos de vivandeiros com as suas tendas. Assim pois nossa armada fez por sair ao mar, navegando por um só rumo. O general espanhol a acompanhou com trinta e sete ou trinta e oito dos seus navios mais grossos. O nosso general, depois de caminhar uma légua ao sul, sentiu que a maré
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional