História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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O que temos referido, em sua maior parte colhemos do que os mesmos espanhóis têm publicado, porque dos nossos não podemos haver informações exatas, com quanto, tanto que os rendidos se recolheram à Republica, Suas Altas Potencias os Senhores Estados-Gerais mandassem proceder a uma rigorosa indagação. Tão varias e encontradas foram as suas declarações, e as acusações que fizeram uns aos outros, que o que se pode dizer mais seguro é que quase todos se esqueceram dos seus rigorosos deveres, e sem necessidade e mui vergonhosamente fizeram entrega da praça. Bem sabiam que socorros deviam esperar da Republica, pois lá chegara seguramente dezesseis dias antes do sitio o iate Haese, cujo capitão fora portador de cartas, e de viva voz lhes dissera quais os aprestos que aqui se haviam feito, e que as armadas não tardariam a partir. Havia na cidade viveres bastantes para três ou quatro meses, e ainda para mais tempo, se os poupassem, como cumpria, e bem assim pólvora e mechas, além de outras munições de guerra. O desleixo foi tamanho e tão escandaloso, que ainda depois da conquista da praça deixaram ficar em alguns navios certas provisões, de que aliás sentiram falta! Em suma, foi um castigo da Providencia sobre aquela turbamulta de ímpios, que não se preocupavam com a Divindade, nem com seus preceitos, e para os Diretores da Companhia uma eficaz lição, afim de se precatarem melhor para o futuro.Grandíssima foi a perda da Companhia; sobre a de uma praça de tanta monta, e que caro lhe custara, ficou privada de muitos navios e outras cousas. Se porém compararmos o dano sofrido de parte a parte, veremos que o rei de Espanha restaurou a praça também mui caro; conta que não faremos neste lugar, porque damo-nos pressa em terminar esta desagradável narração, e passarmos à de outras cousas, que posteriormente e em outras partes tiveram lugar.O general Boudewijn Hendricksz, partiu finalmente do Texel na entrada do mês de Março com oito navios, a saber: Roode Leeuw, Omlandia, Medenblick, Blaeuwe-Leeuw, Valck, Meulen, Geele-Sonne, e Neuw-Nederlandt. A 4 encontrou na ilha de Wight seu vice-almirante Adriaen Claesz, com os dois iates Post-paerdt e Duyfken. A 9 juntou-se também com ele o almirante Andries Veron com um navio e um iate. A 17 partiu o general da ilha do Wight com quinze navios, e de Plymouth partiram dezoito da armada do almirante Lam. No ultimo de Abril passaram a linha (pois o general não se