História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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onde deu fundo pelas duas da madrugada, obra de cinco léguas ao nordeste quarta a leste de Laguna. Ao outro dia saltou em terra com todos os homens; colheram perto de mil e duzentas libras de cássia. Sobre a noite o Commandeur seguiu para Boccasin, que está duas léguas mais a leste. Pela manhã a nossa gente se passou à terra, e não achou cássia, que estava toda colhida. Vendo o Commandeur que nada, mais tinha que fazer ali, resolveu voltar à ilha Tortuga, nela prover-se de água e lenha, e depois ir-se via da Republica. A 17 deu à vela, e governou ao oesnoroeste e noroeste quarta a oeste para as ilhazinhas delgadas, que demoram apartadas obra de cinco léguas de Boccasin e três de Alcahaya; passou por elas antes do meio-dia, pondo-as a bombordo. À tardinha chegou diante de Hattibonico; junto à Bahia de Guanives; à noite tempo mui borrascoso. Pela manhã era diante do golfo de Corydon, e gastou o dia a bordejar até quase duas léguas do cabo S. Nicolau. Ao outro dia alcançou o remate ocidental de Tortuga; e como o tempo estava quase calmo, à noite singrou para além do porto. A 20 chegou ao porto Francês, cousa de seis léguas a leste de Tortuga, o qual é uma baía penetrante. Entrando nela haveis de navegar de longo da terra, que fica a estibordo, chegando-vos a ela por sete e oito braças, por amor dos baixos que saem ao mar, e tendo assim navegado por espaço de uma légua ou mais, até que tenhais posto a terra alta oriental, ou a ponta da baía ao norte quarta a nordeste convoco, navegai então acercado da terra alta, que está a bombordo; e isto por respeito de um baixo, que a ponta baixa, ocidental deita para a terra alta oriental, e que se avizinha delta, no qual baixo há somente onze ou doze pés, mas passado ele encontrareis sete e oito braças, e surgireis, onde, vos parecer. À noite deu-lhe um norte forte, e teve de arriar vêrgas e mastaréus, o qual tempo manteve-se no dia seguinte, de sorte que só a 22 pôde dar pendor ao seu navio, e tomar uma porção de lenha. Não encontrou água, nem pôde desembarcar em parte alguma por causa dos manglares, que é um gênero de arvoredo baixo, que cresce mui basto nas ribas do mar e dos rios, e principalmente nas lagoas. Pela manhã saiu em demanda de outro porto, que fica duas léguas mais ao oeste, onde deu fundo por trás de uma ilhota. Aqui houve água de um ribeiro, e partiu ao dia seguinte. Caminhou de longo da costa setentrional de Espanhola e S. João do Porto Rico, e aos 15 dias de Abril chegou a Republica a salvamento.No livro precedente deixamos contado que a Companhia aparelham duas armadas, que haviam de partir para a Bahia para o efeito de defender e segurar a cidade de S. Salvador, e bem assim que estas armadas, por não lhes terçarem os ventos, estiveram retidas nos portos da Republica sem se poderem fazer ao mar, delonga que foi parte para desgraças e grandes dificuldades. No último dia de Dezembro do ano passado saíram alguns navios da armada a cargo do almirante Lam, e ele em pessoa aos 4 dias de Janeiro com o Hollandtschen. Thuyn e Haerlem, e em seguida mais outros. A 27 de Fevereiro largaram também alguns da armada do general Boudewijn Hendricksz., e enfim sairiam todos. E porque não encontramos cousa digna de menção antes de se juntarem estas duas armadas, falaremos dela ao diante,