História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

Página 88


e primeiro daremos conta das que foram expedidas de Espanha e Portugal para restaurar a cidade de S. Salvador.O rei de Espanha, deliberado a mandar a Bahia forças poderosas, ordenou que se fizessem prestes três armadas em diferentes partes dos seus reinos, e elegeu para general delas, como atrás dissemos, D. Frederico de Toledo [^nota-25]. A capitania da de Portugal foi dada a D. Emanuel de Menezes, e a do Estreito de Gibraltar a D. Juan Fajardo. As duas armadas do mar Oceano e do Estreito, e a esquadra de Biscaya, que se compunham de trinta e um vasos, entre navios e galeões, uma caravela, três tartanas e quatro pinaças, partiram de Cadix a 14 de Janeiro deste ano. Levavam estas armadas sete mil e quinhentos homens, entre marinheiros e soldados, divididos estes em três regimentos, dois de espanhóis e um de Italianos, ao mando dos coronéis D. Pedro Osório, D. Juan de Orelhana e marquez de Torreclusa. A 19 passaram pelas Canárias, e prosseguindo em sua derrota deram fundo aos dias de Fevereiro na ilha de Santiago, que é a principal das do Cabo Verde, e nela encontraram a armada portuguesa, que ali os estava esperando. Esta armada de Portugal se compunha de vinte e dois navios grossos, e quatorze velas entre barcos e caravelas, e levava quatro mil homens, entre marinheiros e soldados, estes divididos em dois regimentos As ordens do Antonio Nunnez Barreiro [^nota-26], e D. Francisco de Almeida, vice-almirante da mesma armada. Partira ela de Lisboa aos 19 dias de Novembro do ano passado; perdera um galeão na ilha de Maio, donde foram recolhidos somente oitenta homens; apartaram-se de sua conserva três navios, dos quais um foi ter a Pernambuco, onde encalhou, os outros dois se juntaram com a armada sobre a barra da Bahia. Assim juntas estas armadas, largaram de Santiago aos 11 dias de Fevereiro, e assim adiantaram-se em sua, derrota, que ao dia 18 foram em altura de 5 1/2 gr. a banda do norte; aqui porém calmarias as detiveram até 12 de Março, sem deitarem caminho algum, e sofrendo a companhia calor e muita sede, porque havia pouca água. Depois foram servidas de um vento favorável, e procedendo em sua viagem chegaram no último deste mês diante da Bahia, onde entraram aos 4 dias de Abril, segundo dizem os nossos.Na cidade e nos fortes tinham os nossos passante de dois mil soldados, fora os negros e Portugueses, que ficaram entre os nossos, ou se passaram para eles, bem como dezessete navios no porto, D. Frederico de Toledo desembarcou as suas tropas na vizinhança do forte de S. Antonio, onde os nossos haviam desembarcado também, quando foram a render a cidade. Ele em pessoa saltou também em terra, tendo deixado a capitania dos navios a D. Juan Fajardo, a quem encomendou que defendesse a sabida aos nossos navios, e bem assim a entrada àqueles, que acaso vissem em nossa ajuda. Primeiramente assenhoreou-se do convento de S. Bento, para onde conduziu dois regimentos comandados pelo marquês de Troppani (Cropani), sargento mor de todo o exército, e com o resto das tropas foi ocupar o convento