través com a qual o fundo é mui sujo.23 A aguada e um tiro de colubrina a leste deste monte, mas é incomodo fazê-la, porque, por respeito do embate do mar, é preciso levar e trazer os barris pelo rôlo das águas. A ilha demora em altura de 3° 40' à banda do sul; tem muitas cabras, rolas, vários legumes, e o mar é mui piscoso. Mandou para a terra firme os prisioneiros portugueses na chalupa, e partiu a 23. A 28 de Junho avistou a ilha das Flores. Estanciou muito tempo pelas ilhas dos Açores, e enfim se tornou Republica no ultimo deste mês de Julho.Acompanhemos também o Commandeur Pieter Schouten em sua tornada a Republica. O ano passado o deixamos na ilha de S. Vicente com o seu iate Trouwe e um barco. Desta ilha partiu aos 6 dias de Janeiro, e ao seguinte sobre a noite chegou a Granada, e, prosseguindo em sua viagem sem deter-se, a 9 tomou porto na ilha Branca. Aqui andou ocupado em concertar o seu navio, tomar cabras e secar-lhes a carne até ao dia 18, porque o tempo chuvoso muito o impeceu. Fez-se então à vela sobre a noite com tempo mui áspero, que se manteve em alguns dias. E porque receava fazer pouco proveito na terra firme pelo tempo e brevidade do prazo, determinou atravessar para Mona; e a foi ver a 21, e ao outro dia nela aportou. Colheu laranjas, e apanhou alguns animais. A 23, uma hora depois do pôr do sol, fez-se a vela, caminho do noroeste quarta a norte, em demanda do Cabo do Engano, que está no remate oriental de Espanhola. Três horas antes do romper do sol descaio sobre as terras delgadas, que ficam ao sul do dito cabo. Amanheceu ao oessudoeste com o cabo, que também é baixo, e se faz a modo de uma ilhazinha. Navegou obra de dez léguas pela derrota do oessodoeste, apartado da costa cousa de uma légua, e assim encaminhado, foi ter diante de um golfo penetrante, chamado de Samana. Navegou em demanda do cabo Francês ao rumo do noroeste e noroeste quarta a norte obra de sete léguas, e de caminho passou por uma grande baía. Ao pôr do sol chegou ao cabo, e mareando uma só vela fez o caminho do norte até meia-noite, e depois o do sul até à luz do dia. A 25 passara o cabo; fez força de velas, mantendo-se meia légua apartado de terra; este dia calculou ter avançado dezesseis léguas. À noite pairou. Ao outro dia. Lendo passado o porto da Prata, mandou o seu batel com doze homens acercar-se da costa, para visitar todas as barras, seguindo ele em seu navio. Começou porém a enrijar-se o tempo, e como o batel ficava atrás, esperou-o; neste interim o batel observara somente um lugar, e nada achara. A 27 o Commandeur deu fundo diante de uma bonita baía, que supôs ser Isabel, onde havia outrora uma cidadezinha; mandou a ela o batel, que tornou sobre a noite com duas cabeças de gado, a que haviam dado caça. Pelos do batel soube que, por trás do recife, que deita a ponta do norte, há bom ancoradouro em nove e dez braças de água, bom fundo, e que há um formoso rio, que se divide em três galhos, dois dos quais foram percorridos por eles, mas não deram fé de barcos nem de gente. Como o vento refrescava, o Coommandeur adiantou-se mais uma légua, indo ter a um sitio, onde há uma formosa baiazinha e alguns ribeiros, mas o batel não pôde entrar pela fúria com que o mar arrebentava. Esta baía deita
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional