outra vez os navios, menos o do almirante e sua chalupa, mas, quando veio ao outro dia, reapareceu a almiranta. Estando todos juntos, menos a chalupa do almirante, a 12 foram em altura de 17° 38', e em distância da costa, segundo calcularam, vinte e seis léguas; e nada obstante, deram em fundo pedregoso e mui desigual de onze e doze braças, de modo que o almirante fez-se ao largo. Ao outro dia tomou sonda em quarenta braças, e depois em trinta, tudo pedregoso; mas na manhã de 14 o leito do mar aprofundou-se rapidamente; altura tomada ao meio-dia Ao seguinte dia houve vista outra vez da costa do Brasil em altura de 13 gr. e um terço. Ao outro dia estava em frente de Camamú, e porfiou por entrar na Bahia, mas não lhe terçou bem o vento. A 18 amanheceu diante da barra, e quando fazia conta de entrá-la de uma só bordada, fez-se-lhe encontradiça a sua chalupa, que, havia muito, andava apartada da frota. Pela gente dela soube como a baía era em cerco; pois, na noite passada, a chalupa entrava na baía, e sendo diante da Villa Velha, perto de um navio espanhol, que estava de vigia, mandaram que arriassem bandeira, com o que eles, entendendo o perigo em que estavam metidos, tornaram a sair. Via-se distintamente o fuzilar da artilharia, que jogava contra a cidade. Assim que assentou o almirante mandar o Meermin para o sul, para o efeito de procurar por toda a parte a nossa armada, que era esperada, e quanto a ele se manteria nas águas da Baia, e baldearia as cargas das tomadias, o que trouxe os nossos ocupados até o dia 21. A 23 o almirante navegou diretamente para a Baía; viu duas caravelas, a que deu caça, mas eram mui veleiras, e uma delas entrou para avisar os seus. O almirante, estando agora descoberto, e não tendo forças bastantes para buscar inimigo tão poderoso, não teve por avisado permanecer por aqui oferecido a tão grande perigo sem proveito algum, e mais acertado lhe pareceu fazer a derrota de Pernambuco de longo da costa, assim para procurar cuidadosamente os nossos navios, como também para surpreender alguns do inimigo. Partiu a 26 de Abril, e foi escorrendo a costa. A 3 de Maio era em altura de 8 1/2/2 gr., e uma hora depois do meio-dia avistou o cabo de Santo Agostinho. Ao outro dia deu fé do um barco português, que não foi alcançado; pois que estava descoberto, resolveu o almirante endireitar para o porto de Pernambuco. Ao outro dia, tomando a costa, achou-a, contra o seu calculo, meia légua ao norte da cidade de Olinda, tendo decaído sobre o arrecife, que aí há, e deu volta para o mar. Viu que estavam surtos no poço alguns quarenta navios, mas, segundo lhe constou, havia ordem de não sair nenhum, antes de haver-se notícia de como correram as cousas na Bahia. Por um pescador, que os nossos apresaram, soube que se recebera a notícia de ter sido tomada à viva força a cidade de S. Salvador, e mortos todos os nossos. O almirante mui desconcertado com esta nova, e não vendo conjunção para fazer presas em Pernambuco, nem estando bastante provido de água para esperar a saída dos navios, determinou seguir para a ilha de Fernando de Noronha, onde faria provisão de água e lenha. A 14 chegou à banda noroeste desta ilha, e aqui surgiu. Quando a avistou, a ilha representava à vista umas sete ou oito ilhazinhas, semelhando uma delas uma torre alta, de
História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30
Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional