História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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sua pessoa, e isto em uma conjuntura em que mui necessário eram o seu bom juízo e predomínio. Foi sucedido pelo major Allert Schouten, a quem sucedeu também no posto de major seu irmão Willem Schouten.A 20 caiu ainda em poder dos nossos um navio com vinhos de Espanha, e ao seguinte dia outro com vinhos das Canárias. A 28 mais outro de Cabo Verde, estava em lastro, e guarnecido com dez peçazinhas. Assim que, os navios inimigos ignoravam ainda haver-se rendido a praça aos nossos.No fim, deste mês veio à cidade, da parte do bispo e outros chefes, um português de nome Almeida para fazer com os nossos um acordo razoável, mas em breve retirou-se sem se haver resolvido cousa alguma. No começo ele Julho os navios Haen, Eendracht, Oragnien-boom de Rotterdam, Oragnien-Boom de Hoorn, que tinham de seguir para a Republica, foram carregados de açúcar, couros e tabaco, e partiram a 24, trazendo os principais prisioneiros, como o governador da praça, seu filho, o sargento-mór e outros. A 28 partiu também o almirante Jacob Willekens com o seu navio e mais dez mercantes, que seguiam viagem para as ilhas das Índias Ocidentais, e depois se tornariam para a Republica. Na entrada de Agosto tornou à cidade o dito Almeida, blasonando que tinha plenos poderes para fazer com os nossos um pacto sobre a liberdade do comércio interno entre os nossos e os portugueses, o que não passava de pura manha; pois as ocultas trazia o perdão dos portugueses que residiam entre os nossos, e também dos negros, que eram na cidade, e secretamente lhes indicava de que modo nos haviam de abandonar; porém esta traição foi oportunamente descoberta, e presos Almeida e seus cúmplices. A 5 partiu o vice-almirante Pieter Pietersz. Heyn para Angola e costa da África com os três navios Neptunus, Hollandia, Gelderlandt e o iate Z ee-Jaegher; ao diante nos ocuparemos com esta viagem.Enoja e enfastia narrar o que se passou posteriormente na Bahia; diremos em substancia que, depois da morte do governador o Sr. van Borth, os negócios correram ali mui descuidada e irreligiosamente. O novo coronel Allert Schouten não teve muito em respeito o prover a cidade das fortificações; que requeria, e tendo morrido também, ainda menos olhou por elas seu irmão Willem Schouten, que se entregou a todos os desregramentos, e não só não promovia as obras necessárias, como até recusava aos soldados, que queriam trabalhar, as remunerações, que lhes eram devidas.No mês de Outubro entrou na Baía, e caiu em poder dos nossos D. Francisco de Sarmiento, governador que fora do Chile; com escala pelo Rio da Prata e de Janeiro demandava Espanha em um navio, que levava um grosso cabedal, pois montava a cento e cinqüenta e oito mil florins, assim em prata amoedada, como em barra, além do que foi subtraído e furtado por alguns oficiais. Um tal Tjarck Sibransz, tomou uma fartadela nestes despojos; outros oficiais apossaram-se de custosas jóias de ouro. Em vez de remeterem este tesouro aos seus amos como lhes cumpria, conservaram-no na terra, até que em fim chegou a armada espanhola, cercou-os, e retomou tudo, salvo alguns pequenos valores, que foram subtraídos.