História ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das Indias Occidentaes desde o seu começo até o fim do anno de 1636.Vol. 30

Escrito por de Laet, Joannes e publicado por Officinas Graphicas da Bibliotheca Nacional

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visto sobre a costa intempestivamente, carregou mais para o sul, sendo a 26 nas cercanias da ponta da Lagoa, que é um monte alto, e sai do mar a cavaleiro de terras baixas. É visto ao longe pouco mais ou menos na altura de 14º 40'. Depois de divagar assim até 10 de Maio, sem haver nova da armada, determinou o coronel endireitar para a Bahia sem mais detença; e, quando veio o seguinte dia, nela entrou, e encontrou toda a armada, e ordenadas as cousas até então da maneira que dissemos.Depois que o almirante dera as boas vindas ao Sr. van Dorth, e com ele praticara acerca do atual estado das cousas, dirigiu-se o coronel com a sua gente para a cidade, onde foi seu primeiro cuidado chamar os soldados é ordem, sujeitando-os é disciplina militar. Observada cuidadosamente a disposição da cidade, ordenou algumas fortificações necessárias [^nota-15], e que se lhes desse o andamento, que possível fosse. Em obediência às ordens da metrópole, mandou lançar proclamações, anunciando que todos os paisanos ou burgueses e moradores da cidade que se exilaram, e andavam fugitivos, uma vez que estivessem a obediência de Suas Altas Potencias os Senhores Estados Gerais das Províncias-Unidas, e prestassem o costumado juramento de fidelidade, assim a eles, como a Companhia das Índias Ocidentais, poderiam voltar a seu salvo à cidade e entrar na posse de suas casas e terras, gozando as mesmas imunidades e isenções que tinham sob o governo de El-Rei de Espanha, e, em nome daqueles Altos Senhores e de S. A. o Sereníssimo Príncipe de Orange, bem como no da Companhia, lhes prometia defendê-los e guardá-los contra toda a violência da parte do inimigo. Estas promessas e seguranças induziram alguns poucos Portugueses a se tornarem a cidade, porém a maior parte e os mais abastados foram retidos, e, de medo do bispo, não ousaram aventurar-se, e mais por se não fiarem dos nossos, a quem não tinham por bastante fortes para livrá-los das mãos poderosas do rei de Espanha. No entretanto conservava-se o bispo nas vizinhanças da cidade, e fazia-se forte, procurando disfarçar sua vergonhosa fuga, cuja culpa lançava ao governador prisioneiro.Em quanto assim andavam os nossos ocupados, acertava de entrar na Bahia, de quando em quando, um ou outro navio português, que os nossos apresavam, e nomeadamente os seguintes: a 17 de Maio, um navio de Lisboa do porte de sessenta lastos, carregado de azeite, farinha, bolacha e outras mercadorias, que, segundo a estimação dos nossos, valiam trinta mil ducados; a 27 um naviozinho vindo do Rio de Janeiro e Espírito Santo, no qual se