teve ordem para a eles se reunir, com a maior brevidade possível, levando, sob seu comando, 300 nativos.
No mesmo dia depois de examinadas as fortificações de Maurícia,1 baixaram-se ordens no sentido de repará-las. Tendo corrido notícias de que João Fernandes Vieira fora visto em seu engenho naquela mesma noite, o Conselho tentou prendê-lo, por todos os meios ao seu alcance, sem entretanto o conseguir. Por outro lado ficou perfeitamente evidenciado, (pelo depoimento de um de seus empregados do Engenho São João, feito perante o escrivão Indijk, no Recife, a 21 de janeiro de 1647, que desde seis meses antes de rebentar essa insurreição, João Fernandes Vieira nenhuma noite dormira em sua casa e que, quando acontecia de lá estar durante o dia, permanecia a maior parte do tempo num torreão, de onde podia descortinar uma grande região nas redondezas. Se tinha necessidade de descer, punha alguém de atalaia com ordem de avisá-lo imediatamente da aproximação de duas ou mais pessoas. Se avistassem um holandês, Vieira se retirava imediatamente para as matas vizinhas. Tinha também colocado vários negros a certa distância da casa, incumbidos de avisá-lo da aproximação de qualquer pessoa desconhecida.
A 13 do mesmo mês Sebastião Carvalho e Antônio de Bulhões foram feitos prisioneiros e levados para o Recife. Os outros que se presumiam culpados, conseguiram escapar. Tendo sido inquirido naquela mesma noite pelo Assessor, Senhor Walbeek, a respeito da conspiração, Sebastião Carvalho fez o seguinte depoimento:2
SUA CONFISSÃO
Que era ele um dos três que ainda poucos dias antes denunciara ao Conselho, por carta, a Conspiração que se processava em Várzea, da qual o cabeça era João Fernandes Vieira, que, tanto quanto os seus cúmplices portugueses, confiava nos auxílios prometidos pela Baía, com cuja denúncia tinha pensado poder abortá-la. Que todo o plano da conspiração lhe tinha sido revelado por meio de um documento pelo qual parecia pretender-se formar uma espécie de associação, - o qual lhe fora entregue por um empregado do dito Vieira juntamente com uma carta em que lhe pedia que o subscrevesse. Que apenas duas pessoas, João Fernandes
-
Nota 215: O tradutor inglês cometeu um engano, ao escrever cidade de Munheca, ao invés de Maurícia. (Comparar p. 53, 1a coluna 3° § da ed. inglesa com a p. 71,2a coluna 4° § da ed. holandesa).
↩ -
Nota 216: Calado (XVII, p. 177, 1a coluna) conta-nos que foram seus intérpretes dois judeus [i]hum chamado o Febo & outro seu primo ou irmão.
↩