Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

Página 113


haver ainda inimigos, especialmente na Mata, onde não viram senão os que se ocupavam em lavrar a terra.

Decepcionado por não conseguir capturar Vieira, o Conselho resolveu determinar a prisão imediata de Francisco Berenguer, sogro de João Fernandes, Bernardino Carvalho e seu irmão Sebastião Carvalho, Luiz Braz Bezerra, Amaro Lopes Madeira e João Pessoa Bezerra, os quais como habitantes da Várzea eram suspeitos de conivência na conspiração. Nas províncias mais distantes, foi ordenada a prisão das seguintes pessoas:

Em Santo Amaro: Antônio de Bulhões;

Em Santo Antônio: Amador de Araújo, Pedro Marinho Falcão, Antônio dei Rasto;

Em Ipojuca: Carneiro de Morais, o Rev. Frei Luiz e Francisco Dias Delgado;

Em Serinhaém: João Albuquerque, genro de Pero Lopes de Vera;

Em Porto Calvo: Rodrigo de Barros Pimentel;

Em Igarassú: João Pimenta;

Em Itamaracá: o Rev. Lourenço de Albuquerque;1 e, finalmente,

No Rio Grande: João Lostão Navarro.

Assegurada a posse da Paraíba.

Sendo, porém, de temer que os habitantes de Paraíba, muito endividados, se revoltassem antes do resto, Paulus de Linge foi imediatamente despachado para lá, na qualidade de Diretor, com plenos poderes para agir tanto lá como na Capitania do Rio Grande, segundo os interesses da Companhia e levando ordens expressas de desembarcar, logo depois de sua chegada, 100 homens da guarnição dos navios, com provisões suficientes, a fim de guarnecer o forte de Santa Margarida, não só para defendê-lo como também para manter a população em obediência.

Pequeno acampamento perto de São Lourenço.

Considerando que a escassez de provisões constituía um dos principais obstáculos a serem vencidos do nosso lado, - circunstância essa que, no pé em que estavam as cousas, agravar-se-ia cada vez mais, a menos que continuássemos dominando os campos de onde provinham quase todos os nossos víveres e conseguíssemos submeter os habitantes descontentes, - julgou-se necessário estabelecer um pequeno acampamento perto de São Lourenço. Para lá foram enviados os tenentes Huykquesloot e Hamel, com 35 homens cada um, o primeiro procedente de Igarassú e o último de Muribeca, bem como o Capitão Wiltschut com mais 50 homens, do Recife. Também Johan Listry, comandante em chefe dos brasileiros,


  1. Nota 214: Nieuhof escreveu (p. 71, 1a coluna, 1° §): Pater Lourenço d'Alkunha. Parece-nos tratar-se de Lourenço de Albuquerque. (Cf. Varnhagen, (LXXIII, p. 269). Nieuhof escreve logo depois (p. 74, 1a coluna, 2° §) [i]Akunha.