Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

Página 99


visavam a consolidação das boas relações entre os dois Governos. Deu-lhes, então, o Governador esta resposta genérica: que se esforçaria sempre por cultivar um perfeito entendimento e boas relações conosco, em cumprimento, aliás, às instruções expressas e reiteradas que recebera do Rei seu Senhor. E, quanto às mensagens que lhe foram entregues, iria reunir seu Conselho de Guerra e Justiça e ulteriormente lhes comunicaria sua resposta.

Foram eles, então, reconduzidos por Domingos Delgado à residência que lhes havia sido destinada, onde mais uma vez receberam, ao jantar, toda a sorte de atenções. No dia seguinte receberam a visita do próprio Governador.

A terceira audiência.

No dia 17 obtiveram os enviados uma terceira audiência do Governador que lhes comunicou, em termos muito corteses, haver consultado o Conselho sobre os assuntos ventilados, e que a resposta que lhe competia dar-lhes se achava condensada na carta que então lhes entregava e cujo teor lhes foi lido. Conhecido o conteúdo da carta, os delegados redargüiram dizendo que, uma vez que se deixaria, assim, aberta uma porta aos velhacos e vagabundos, esperavam, ao menos, que o Governador determinasse que fossem levados ao conhecimento do Governo Holandês os nomes dos indivíduos que se refugiassem na Baía, a fim de que o Grande Conselho fosse informado dos lugares onde se homiziassem. A isso o Governador acedeu. Depois dos cumprimentos do estilo e de mútuos protestos de amizade, deixaram novamente o Palácio os embaixadores batavos.

Seu regresso ao Recife

No dia 22, os enviados do Grande Conselho despediram-se do bispo e de várias pessoas gradas, das quais haviam recebido cortesias, e, por fim, do próprio Governador, que se fez acompanhar por muitos oficiais e pessoas de destaque. Os nossos delegados agradeceram ao Governador as atenções e cortesias de que foram alvo, desejando tanto a ele como ao Rei de Portugal um longo e feliz reinado, bem como a vitória sobre os castelhanos. Retribuiu-lhes o Governador os cumprimentos e os acompanhou até fora da sala, tendo então ordenado a vários negros que conduzissem os embaixadores em cadeirinhas até à base da colina sobre que se ergue a cidade. Aguardava-os o mesmo escaler que os havia trazido a terra, para novamente transportá-los para bordo, ao som festivo de bandas musicais. Após se despedirem dos enviados holandeses, os oficiais portugueses regressaram à cidade. Os nossos delegados iniciaram, então, a viagem de regresso ao Recife, onde chegaram dias depois, em segurança.

É o seguinte o conteúdo da carta que lhes foi entregue pelo Governador :