Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

Página 72


diáconos e zeladores era menor em proporção ao número de suas respectivas congregações. Isso quanto à situação religiosa do Brasil Holandês.

abelhas

Além dos seres que já descrevemos, há, no Brasil, diversas qualidades de abelhas, chamadas Eiruca que se instalam nas árvores das mais surpreendentes maneiras. Conquanto um pouco menores, não diferem muito das nossas, mas, costumam enxamear principalmente entre as árvores. Os brasileiros classificam-nas em doze espécies diferentes, a saber: Amanacaí-Mirim, Amanacaí-neu, Aibu, Mombuca, Pixuna, Uru -Abelhas, tuetra, Tubuna, Tuiuba, Eirucu, Eichú, Cubiara e Curupireira, 1 sendo que os naturais não apreciam esta última.

As abelhas denominadas Eirucu são, de todas, as maiores e produzem excelente mel que, entretanto, não é muito usado. Constroem seus favos no oco das árvores, de onde os silvícolas os extraem com canudinhos. As abelhas conhecidas por Eichú e Copí são menores e de cor escura. Perfuram a casca das árvores e, no interior, fabricam favos de cera inteiramente branca. Seu mel é tido como dos melhores, mas não é encontrado em tão grande quantidade, como os outros; além disso, as abelhas que o produzem picam furiosamente. As Mombucas são também pequenas, de cor amarelada, fazem seus favos no topo das árvores mais altas e produzem excelente mel, que é exportado em quantidade para a Europa onde alcança muito pouco dinheiro. É ligeiramente inferior, em qualidade, ao mel europeu, mas de boa consistência, transparente e de aroma agradável. Passa por ser balsâmico, corrige as infecções intestinais agudas, bem como as renais, estimulando ainda a secreção da urina. Serve também para a fabricação de um hidromel fortíssimo que se conserva por longo tempo. Com esse mel pode-se também preparar licor, sem levá-lo ao fogo; apenas misturando-o com água de fonte e deixando-o ao relento.


  1. Nota 168: Nieuhof escreveu Eiruka e Piso Eiruba. Esse trecho referente às abelhas é literalmente copiado de Piso (LXX, 55-6). Nieuhof escreveu Amanakay-Miri, Amanakay-veu, Aibu, Mumbuka, Pixuna, Urutuetra, Tubuna, Tuiuba, Eiruku, Eixu, Kubiara e Kurupireira (p\ 47, 2a coluna 7° §). É preciso indicar que a numeração da obra está com grandes falhas, pois após o número 47 vem o número 40 e daí segue até 50. A p. 47, que citamos, é a primeira que traz esse número). Em Soares (LXXXVI, 279) heru. Segundo Batista Caetano (III, 115) eichú é formado de ei -f hub = busca mel, ou pai do mel, abelha mestra, uma espécie de abelha negra. Segundo ainda o mesmo autor, eir, substantivo, significa abelha e dele provém numerosos compostos, com os quais se designam várias abelhas e diversas qualidades de mel. Segundo Teodoro Sampaio (XXV, 124), exú é corr. de eichú ou eira-chú, abelha negra, que faz um ninho rugoso, áspero; assim como eira é a abelha, a mãe do mel. Para Batista Caetano, Tubuna (III, 540). Tubuna é uma espécie de abelha, negra, de tub- abelha mestra e ü- pretas. R. von Ihering regista enchú ou inchú; a pronúncia caipira ichú e também Mombuca. (Dicionário dos Animais do Brasil, S. Paulo, 1940, pp. 318 e 520).