Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

Página 53


para as cidades de Goiana e Capibaribe, no continente, como acima ficou dito, por serem essas paragens mais populosas e contarem com vários engenhos que aí se instalaram à vista da maior fertilidade de suas terras em relação às da ilha. No tempo em que lá estive, o Tribunal compunha-se de cinco escabinos, três dos quais viviam em Goiana e os outros dois na Ilha de Itamaracá. Entretanto, o Tribunal foi mais tarde transferido também de Goiana. Em 1641, Pieter Bas dirigia a Capitania de Itamaracá para a Companhia das índias Ocidentais e o Capitão Sluiter era o comandante em chefe do exército.

Esta Capitania tomou o nome de sua capital que, por sua vez, o tirou do rio Paraíba, junto ao qual está situada. É uma das Capitanias mais setentrionais e está apenas a cinco milhas de distância, por via marítima. Esteve antigamente sob o domínio dos franceses, que de lá foram expulsos em 1585 - assim como de vários outros portos - pelo coronel português Martim Leitão. 1

A cidade de Paraíba

Subindo o Paraíba, a cinco milhas de sua foz, encontra-se uma cidade fundada pelos portugueses que, em honra a Filipe, Rei da Espanha, tomou o nome de Filipéia. É também conhecida por Nossa Senhora das Neves e por Paraíba dada a sua proximidade do rio. Quando os holandeses conquistaram a Capitania, em novembro de 1634, 2 mudaram esse nome para o de Cidade Frederico, em homenagem a Frederico Henrique, Príncipe de Orange. Por essa época a cidade era de construção recente


  1. Nota 132: Nieuhof (p. 38, 2a coluna, 7° §) escreveu: o Coronel Martim Leitão. Trata-se de um equívoco. Martim Leitão era ouvidor-geral de Pernambuco, cargo para o qual fora nomeado em 9 de setembro de 1583. Em 14 de fevereiro de 1585, partia com reforços a fim de assegurar a conquista da Paraíba, de onde haviam sido expulsos os franceses por Diogo Flores, espanhol, e que nessa época se achava assolada pelos índios petiguaras. Ao assumir a direção da tropa, Martim Leitão foi denominado General. Frei Vicente do Salvador assim relata (LXXVIII, 288) : "com todo este exército, que foi a mais formosa cousa que nunca Pernambuco viu nem sei se verá, foi o General Martim Leitão (que assim lhe chamamos nesta jornada), dormir no campo de Igaraçú. "Em 6 de abril de 1585, volta a Olinda. A luta pela posse definitiva da Paraíba continuava. Foi organizada a expedição e escolhido o capitão Simão Falcão para dirigi-la. Tendo este adoecido, escolhe-se João Tavares, escrivão da Câmara e Juiz de Órfãos, o qual, partindo a 2 de agosto, chegou a 3; e a 5 de agosto de 1585, depois de firmada a paz com Piragibe, fundou a povoação de Nossa Senhora das Neves. - A cidade chamara-se Filipéia, nome que lhe dera Frutuoso Barbosa. Varnhagen atribui essa idéia de Frutuoso Barbosa ao fato de Diogo Florester chamado de S. Filipe, dia de sua partida da Paraíba, a 1° de maio de 1584, ao forte que fizera construir, depois da expulsão dos franceses em 1584, e não 1585,como escreve Nieuhof. A João Tavares ficou entregue a capitania. Só em agosto de 88 entregou João Tavares a capitania a Frutuoso Barbosa. (Cf. LXXVIII, 287, 288, 299, 301, 303 e LXXII, tomo I, 490-1, 492, 493 e nota 27 de Capistrano). Sobre Diogo Flores, nota III de Capistrano (id., id., p. 500).

  2. Nota 133: O tradutor inglês cometeu erro de data. Assim, Nieuhof (p. 39, 1a coluna,1° §) escrevera que em novembro de 1634 fora conquistada a Capitania, enquanto na tradução está escrito (p. 26, 2a coluna, últ. §): after they had in November 1638.