É de se notar que no verão e nos meses de inverno, quando raramente chove, apresenta-se este rio muito mais caudaloso que na estação chuvosa. A razão para tanto está na imensa distância das cabeceiras originárias onde a água das chuvas que caem nas montanhas é absorvida e canalizada pelos inúmeros riachos. Todos os outros rios próximos do Recife ficam tão vazios durante o verão, que se tornam inteiramente impraticáveis para a navegação.
As cristas das serras que correm não muito longe do litoral, despejam suas águas, aqui como no Peru, em direção ao Poente, dividindo-as em duas bacias: a primeira que corre para o norte e se junta aos grandes e rápidos rios de Maranhão e das Amazonas; e a outra que demanda os rios São Francisco, da Prata e de Janeiro. As águas desses rios que se avolumam consideravelmente com a contribuição de inúmeros afluentes, lançam-se no oceano com tal impetuosidade que, não raro, os marinheiros encontram água doce no mar a distâncias consideráveis de terra.
O aumento de volume deste rio, durante a estiagem, talvez possa ser atribuído ao degelo da grande quantidade de neve das montanhas que chega a fazer que o rio transborde de seu Jeito natural. Neste particular, é ele bem diferente dos outros rios que geralmente extravasam no inverno.
O Brasil Holandês
Seis das capitanias acima citadas, conquistadas pelas armas, achavam-se sob a jurisdição da Companhia das Índias Ocidentais. Eram elas, a começar do Sul, a Capitania de Sergipe d'El Rei, Pernambuco, Itamaracá - à qual pertence a Goiana - a de Paraíba, a de Potigí ou Rio Grande e a de Siará ou Ceará. A Companhia possuía, também, a Capitania de Maranhão, que foi, porém, abandonada, por diversas razões, no ano de 1644 1 2.
Os portugueses costumavam chamar a esta parte do país de Norte do Brasil e às demais regiões em seu poder, de Sul do Brasil.
As seis Capitanias Holandesas alinhavam-se todas no litoral, numa extensão de 160 a 180 milhas de norte a sul. Pois da costa marítima do Rio Grande a Alagoas, no extremo norte da Capitania de Sergipe d'El
-
Nota 24: A tradução inglesa não é bem fiel; pois enquanto no original holandês está escrito: "De Kompagnie bezat ook de Kapitanie van Maranhaon: maer die wierdt des jaers zestien hondert vier en veertigh, om zekere redenen, verlaten" (p. 10, 2a coluna 2° §); o tradutor inglês escreveu: "the Captainship of Maranhaon was 1644, by special command of the Company, left by the Dutch." (p. 6, 2a coluna 2° §). Ora, por várias razões perdido não é o mesmo que abandonado por ordem especial da Companhia. Veja as razões da perda mais adiante, nota 172.
↩ -
Nota 25: Sobre o domínio holandês no Maranhão, consulte-se João Francisco Lisboa. (Obras, LIII Lisboa, 1901), p. 318. Foi conquistado em 25 de Novembro de 1641. O domínio durou 27 meses, dezessete dos quais se haviam passado em guerra incessante. Deixaram o Maranhão a 28 de fevereiro de 1644 e, possivelmente, porque lhes falecia de Pernambuco todo o socorro.
↩