Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

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MEMORÁVEL VIAGEM MARÍTIMA E TERRESTRE DE

JOAN NIEUHOF 1 AO BRASIL

1640.

Tendo entrado para o serviço da Companhia das Índias Ocidentais em 1640, já a 24 de outubro daquele mesmo ano embarcava eu, na qualidade de comissário, a bordo da nau Roo Hert, de 28 canhões e 130 homens, comandada por Klaes Jelles, de Durkerdam.

Sua partida da Holanda.

Ao anoitecer do dia 27 velejamos ao largo de Texel, em companhia de vários outros navios que rumavam para a França, Espanha e os Estreitos. Prosseguimos viagem a 28, com vento à feição, pelo canal que separa a França da Inglaterra.

Violenta tempestade

No dia 29, assaltou-nos violentíssima tormenta que nos obrigou a arriar as velas grandes e se prolongou desde a manhã até a noite, quando a fúria dos ventos se foi lentamente aplacando. Verificamos, então, que.


  1. Nota 1: A coroa portuguesa devia entregar a este Estado 80 toneladas de ouro, quer em dinheiro, açúcar, fumo e sal, quer em direitos aduaneiros, exigidos nos portos portugueses. Os lugares conquistados ficariam em poder dos que já estavam em sua posse. Foi concedido aos neerlandeses comércio livre com Portugal e com os lugares e regiões da África e do Brasil, que pertenciam a Portugal, com o privilégio de não pagarem direitos superiores aos que pagavam os próprios portugueses.


    [1] Há várias grafias para o nome Joan Nieuhof. Uns escrevem Johan Nieuhof, outros Johan Nieuhoff e outros, ainda Johann Neuhof. Nós preferimos a grafia que mais freqüentemente encontramos na edição original holandesa. Realmente, tanto no poema aos 12 meses do ano, assinado por Nieuhof, como na falsa folha de rosto da Viagem ao Brasil, na folha de rosto da Viagem às Índias Orientais, no privilégio concedido por Johan de Wit, na introdução assinada por seu irmão Hendrik Nieuhof, está grafado Joan Nieuhof. Apenas na folha de rosto da Viagem ao Brasil se escreve Johan Nieuhof. Não fica, porém, tão somente nisso a variação gráfica do nome do autor da Viagem ao Brasil. Assim, Theodor Kadletz (XLV, nota, p. XXIII), em livro sobre "As antigas obras de fortificação de Pernambuco", no capítulo sobre o modo de escrever alguns nomes pessoais, escreve: "Neuhof. O conhecido autor sob o nome de Johan Nieuhof, da Gedenkwaerdige Brasilianse Zee en Lant Reize", não é natural da Holanda e sim de Ulsen, em Benthem, no Hanovre. Temos, portanto, para nos, como original a forma alemã do nome e colocamo-la antes da holandesa. O fato de que o seu livro traga essa última forma pouco significa, pois foi publicado, pela primeira vez, depois de sua morte por seu irmão em Amsterdã". Não aceitamos a argumentação de Kadletz por várias razões. Em primeiro lugar, não é novidade, para os leitores de Nieuhof, o que nos diz o citado autor sobre a nacionalidade deste, pois na Introdução feita pelo seu irmão isso já constava. E à p. 228 da edição holandesa Nieuhof escreveu que depois de chegar à Holanda partiu para a sua pátria. Em segundo lugar, não é exato que Benthem pertencesse ao Hanovre, pois na época constituía um condado livre e independente. Nieuhof escreveu em holandês, trabalhou para a Holanda, cuja importância era das maiores no século XVII. Portanto, nada justifica que se escolhesse, duzentos e cinqüenta e nove anos depois, uma grafia que seu próprio irmão não adotou ao publicar seus trabalhos.

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