como se entre os animais do Novo e Velho Mundo se evidenciasse um perpétuo capricho da natureza. A figura do corpo, da cabeça e da cauda deve comparar-se aos pequenos atuns. Se considerarmos, porém, as estrias enegrecidas e as restantes coisas externas, devemos antes confrontá-las com os âmias e atuns novos. São cobertos de grandes escamas cerúleas tirantes a negro (que na cocção se racham, mas tão compactas que eles parecem lisos). Têm um rosto agudo; o ventre grosso; a cauda delgada, remata na figura da lua arqueada em cornos; o dorso é cerúleo-brilhante; o ventre, prateado. Têm duas barbatanas branquiais, duas dorsais, outras tantas no ventre e uma na direção do ânus. O estômago, como sói na maioria dos peixes vorazes e rapaces, é grande, com inúmeros apêndices. Os intestinos são algo tênues. O baço enegrecido; o fígado branco-avermelhado. A vesícula do fel está anexa não só ao fígado, mas a todo o intestino. Os pescadores atestam que estes, como os atuns, em certas épocas são atacados por um tavão de tal maneira doloroso que saltam do mar de encontro às embarcações. Têm muita carne, cem espinha, saborosa, tendente a amarelo, de nutrição um tanto seca e dura, mas forte; e, por isso, muito procurada pela marinhagem. Se for condimentada e, como a da carpa, servida com condutos aromáticos, antes de adulto o peixe, não é desprezada pelos paladares um tanto esquisitos.
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo