CUREMÁO Curemá e o Parati, os mugens brasilienses, são chamados pelos lusitanos Tainha; pelos nossos compatriotas, Harders. Conhecidíssimos em quase todo o mundo, são também comuns nesta região da América, e não somente se comem frescos, no uso cotidiano, mas também se conservam salgados. Deste gênero de mugens, é muito afamada a espécie denominada Curemá. Esta, ademais, se distingue pelo tamanho, pois os maiores medem dois pés de comprimento, os menores, um, que são designados com o nome de Parati pelos habitantes do litoral. Quanto ao mais, são semelhantes entre si pelo corpo grosso e gordo, à maneira do corpo oblongo da truta fluvial. Têm a cabeça chata, larga, grossa, coberta de duras escamas e terminada em cone obtuso. Por cima da boca, grande e desdentada, há dois orifícios; os olhos são negros, grandes, colocados na frente. As guelras são exíguas. As barbatanas são oito, uma das quais, pequena, no alto das costas, é sustida por três espinhas um tanto duras. A cauda é bifurcada; as escamas grandes, muito parecidas a escudos; a cor é cinzento-escura, com reflexo verde e prateado na parte de baixo. A nenhum dos nossos peixes tanto se assemelha na forma e na índole como ao mugem marinho, que entre os ictiógrafos tem o nome de Cephalo. Pois os mugens, tanto como este Parati e Curemá, uns são marinhos, outros gostam dos lagos lodosos e águas estagnadas, donde pulam em grande número, brincando, em tempo de bonança. E até, algumas vezes, vimolas saltar com um pulo as redes: pois desta maneira escapam, para se salvarem, e Opiano com graça mencionou isto. A sua carne, cozida ou assada, é muito pingue; e come-se sem óleo
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo