ros, seja definido o que é mais certo. Entrementes, não há motivo para que o leitor carregue o sobrolho por causa dos vocábulos estranhos aos seus ouvidos, sendo a maioria deles tão diferente da nossa língua, pois devemos lembramos que não vivemos no Lácio ou na Grécia; e não só os povos do Velho Mundo podem formar palavras; também os americanos têm direito e norma para criarem as suas à vontade.Na língua dos brasilienses, qualquer peixe é denominado genericamente Pira; os peixes comestíveis, Piracntú. Dentre estes se menciona como primeiro o GuaracapémaGUARACAPÉMAO Guaracapéma é o macho do peixe Dorada. Os nossos compatriotas chamam-no Dolfyn; e se, com estes nomes se quer designá-las como oradas, douradas ou delfins, os nomes não me parecem apropriados, por isso que Rondelécio,1 Salviano2 e outros sapientíssimos ictiógrafos apresentam não só gravuras que discrepam desta nossa, mas também dão como muito diversa a índole e propriedade deles. A não ser que os nomes lhes tenham sido postos em virtude da rapidez, no que se assemelham algo aos delfins, ou em razão da cor resplendente, no que também se assemelham um tanto a douradas. Quem atentar bem na gravura deste animal, facilmente verificará que este peixe é de conformação singular, com a ponta da cabeça continuada pelo renque de barbatanas, a cauda bifurcada, enfim, pelo formato de todo o corpo, parece nascido para nadar velozmente e sulcar as ondas marinhas. E por
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo