um fluxo diuturno e até mortífero. As águas são eliminadas com mais segurança pela perirréia, quer pela maior abertura dos poros nas vísceras, quer pela afluência de exímios medicamentos indígenas, os quais abrindo, secando, adstringindo, completam admiravelmente a cura.Pois que não raro acontece ser eliminado o líquido intercutâneo só com a raiz diurética Caapéba (descrita no tratado dos símplices), com vinho ou água ministrada ao doente seguidas vezes. O mesmo fazem a jalapa, Caapomonga, Iaborandi, sassafrás, salsaparrilha, alcaçuz, cascas de limão e de ameixas de Granada, as raízes Iuripéba, Aguaxíma, Guabipocaíba, Ivapecanga. Deve confiar-se mais nestas plantas nativas, frescas e fortíssimas, do que em cousas exóticas e muitas vezes provocadoras de náuseas. Purga-se bem o ventre com os seguintes remédios: com as pílulas, que recebem a guta de Camboja macerada em vinagre, com fécula ou com extrato de jalapa e mechoacão fresco. O modo de preparar estes medicamentos vê-se depois no capítulo acerca do fluxo branco. O xarope de tabaco, simples ou composto, dado reiteradas vezes, às colheradas, expulsa energicamente, e com segurança os humores tenazes e víscidos. Sigam-se-lhes os aromáticos e diaforéticos, que, pela transpiração recuperada, têm força de dissolver os humores serosos algo tênues, e os expelem com euforia pelos poros um tanto laxos do abdome e das vísceras. São vantajosos os banhos preparados de folhas de pimenteira comprida, de laranjeira Betei, de artemísia, de sálvia silvestre, Camará, Tupeiçavá, de altéia, Albaháca, Iaborandíba e de outras muitas. Costumam juntar-se-lhes as adstringentes como a Çebipira, as raízes do Araçá, os frutos e as folhas da murta silvestre. Fomentações dos óleos das citadas ervas. Acresce o espírito destilado das cascas de laranja e limão, que fortificam muito, quer externa, quer internamente. Mas, para dizer o que a coisa é, a parecentese, que muitíssimo convém à ascite, costuma fazer-se quase como milagre, e isto, segundo a lei do grande mestre quando, no sexto livro das epidemias, manda que "aos hidrópicos se devem fazer incisões imediatamente". O que, por epicrase, eu vi fazer com inesperado sucesso, três e quatro vezes num só dia, mediante contínuos fortificantes, no
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo