Historia Natural Médica da Índia Ocidental

mado da flebotomia no que respeita a condição e cura das doenças. Faça-se a purgação de preferência tarde, benigna e raramente; e nas terras meridionais deve ter-se em menos preço tanto quanto nas setentrionais costuma dar-se-lhe a primazia, quer para a conservação da saúde, quer para eliminação da enfermidade. Segundo aquele dito de Platão: "Não devem ser irritadas com purgativos as doenças que não denunciam grandes perigos." O que é de observar mais estritamente entre os primitivos íncolas do que entre os estrangeiros setentrionais, que usam alimentação mais sólida e estão sujeitos às doenças crônicas provenientes das cruezas. Além disso, embora as estações do ano difiram pouco e muito se assemelhem, como alhures se notou, contudo nem sempre se fazem as purgações com resultados igualmente felizes sob o solstício do inverno, ao entrar o sol no Câncer, na passagem pelo Cão[^nota-55] e antes dela, por causa dos tepores e umidades predominantes dos ventos meridionais. Diga-se o mesmo do solstício do verão, ocorrente no Capricórnio, devido a securas excessivas. No estio convém purgar por meio de vomitórios, pelo fato de que, devido ao domínio da bile contida no estômago, muitas pessoas têm facilidade para vomitar; no inverno, por meio de laxantes, por causa do excesso de pituíta, sobretudo se a matéria nociva estiver detida abaixo do diafragma, segundo o Aforismo IV do livro IV.¹ A necessidade disto, se foi tamanha na Grécia, nas Índias muito maior será, porque costumam ser atacadas pelas lienterias chamadas (expressão em grego),² e as pessoas dificilmente suportam purgações por vomitórios, segundo o Aforismo XII do livro IV.A maioria dos que exercem a medicina ignora por que, nas zonas tórridas, os purgativos, embora ministrados em dose maior, produzem menos efeito, ao passo que aprenderam dos seus preceptores a subministrar, com segurança, medicamentos mais fortes e em maior quantidade nas terras do norte do que nas do sul, onde menos se deve temer a perda das forças e o ardor dos humores. Creio ser esta a razão da diferença: em parte, pela disposição natural do indivíduo, porque sob este céu o calor vital, atraído pelo ambiente exterior, e menos concentrado, age mais debilmente sobre o que deve