História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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três bastiões, por não permitir a natureza viciosa do terreno por-se-lhe o quarto. Julgando-se fosse acessível aos estratagemas dos inimigos, lançaram-se-lhe cortinas duplas e valos da banda por onde podiam entrar. Levantaram-se agora guaritas sobre os três bastiões, mais elevadas que as trincheiras, colocando-se nelas peças de bronze para afugentar o adversário

II) Na Ilha de Antônio Vaz - Vilas de A. Vaz e Mauriciópole. Forte de Ernesto - Forte de Frederico Henrique.

O forte de Ernesto ergue-se na ilha de Antônio Vaz, ao ocidente do Recife. Tem três faces e é munido de um fosso assaz largo, de paliçadas e bastiões. Com quatro bocas de fogo, guarda ele o rio, as planícies da ilha e a vila de Antônio Vaz, que aí nasceu. Esta, aberta na parte fronteira ao forte de Ernesto, está, na parte restante que olha o continente, fechada por uma trincheira bastante elevada, a qual seria necessário prolongar-se até o forte de Frederico, em vista da escassez dos habitantes e da falta de casas. Assim Mauriciópole, encerrada entre o forte de Ernesto e o de Frederico, se arrecearia menos dos assaltos dos inimigos Neste último forte puseram-se cinco peças de bronze. Chama-se das Cinco Pontas em razão do número dos seus bastiões. Rodeia-o um fosso bem largo, um parapeito com uma sebe, acrescentando-se, para resistência, duplo hornaveque, um maior, outro menor. Com oito canhões de bronze, defende da aproximação dos inimigos toda a praia, assim como esses hornaveques.

Quatro redutos.

Demandando-se o sertão, vêem-se na margem do rio Capibaribe quatro torres ou redutos, que premunem de longe o Recife, demorando o inimigo. Tendo-se arrumado, ainda não se acham restauradas.

Forte do Príncipe Guilherme

No rio dos Afogados, existe o forte do Príncipe Guilherme, notável pela altura das trincheiras, pela solidez, elegância e forma quadrada, garantido, além disso, por uma paliçada e um fosso. Guarda, com seis canhões de bronze, a estrada da Várzea (esta palavra significa planície) e as estradas que levam ao sertão.

III) Na ilha de Itamaracá. Forte de Orange - Vila de Schkoppe.

Defendem a ilha de Itamaracá ps fortes seguintes: o de Orange, na boca meridional do porto. Tem quatro bastiões e é cercado de uma estacada, por falta de água nos fossos. Está armado de 12 canhões, 6 de bronze e 6 de ferro. Constitui a fortaleza da vila de Schkoppe [^nota-205] uma munição construída em redor de uma igreja e de uma bateria. Essa fortificação protege o porto, e uma torre de atalaia, ao norte, guarda a porta da vila. Na bateria acham-se montados onze canhões, dois de bronze e nove de ferro. Na boca setentrional, há outra torre quadrada, que garante a entrada do canal [^nota-206] com três peças de ferro.