História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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cânhamo e de pez, mas não de cal e tijolo. Empregam os ferreiros carvão vegetal e não de pedra, que os nossos patrícios preferem. Fazem-se cabos de cascas de árvores para os usos navais, suprindo a indústria dos índios a falta do cânhamo.

Fortificações. Agora considerai a força da milícia, a resistência, situação e número dos fortes, as esquadras e os outros meios de defesa do Brasil.

No Recife

Recife é a principal sede do governo, do comércio e da guerra, e também rica dispenseira de armas, bastimentos e mercadorias. Da banda que entesta com Olinda, tem diante de si dois baluartes em forma de obras cornutas, um de pedra, olhando para o mar e para o porto, o outro de terra, pondo para o rio. Une-os uma cortina que corre entre os dois, defendida por uma paliçada. No meio dela abre-se uma porta para dar passagem aos que saem de Recife ou nele entram. O baluarte de pedra protege-se com sete peças de bronze; o de terra, provido de cinco peças de bronze e duas de ferro, serve para a segurança do interior da costa e do exterior do porto.Duas baterias - Forte de S. Jorge - Castelo do Mar - Forte do Brum - Reduto de Madama Bruyne. Uma bastida solidíssima mune o Recife inteiro, em disposição conveniente para se jogar a artilharia. Erguem-se aí, junto da costa, duas baterias, uma próxima da casa da pólvora, debruçando-se sobre o porto; a outra ainda mais vizinha, ambas munidas de canhões de bronze e de ferro. A dois tiros de mosquete do Recife, no caminho de Olinda, mesmo na costa, surge, num cimo bastante alto, o Forte de S. Jorge, feito de pedra e resguardado por um bastião de mármore e assentando treze bocas de fogo contra a entrada do porto. Em frente do Castelo da Terra, vê-se o do Mar, de forma redonda, formidável por sete peças de bronze, destinadas à defesa do porto, da barra e do litoral. Ficam-lhe ao alcance o Recife, os fortes de S. Jorge e do Brum e o Reduto. Não longe do Forte de S. Jorge, avista-se o do Brum com quatro bastiões e sete peças de bronze, fechado, demais, com a sua estacada. A distância igual deste, acha-se a Torre ou Reduto, que se orgulha com o nome de Madama Bruyne. Essa torre é também circundada por sua cerca e protegida por dois canhões de bronze. Está-se atualmente trabalhando em restaurar o forte arruinado do sul para receber uma guarnição de 15 ou 20 homens, de modo que sirva de refúgio aos olindenses contra a soldadesca vagabunda e devastadora.

Forte de Wardenburch.

O forte de Wardenburch jaz ao lado da terra firme, ao pé das salinas. Tinha outrora quatro pontas e agora é resguardado por