conselheiros; enfim, que se imputava a estes, sem o devido exame, por uma acusação ainda não provada, a culpa de negligência e de má administração. Os censores intrometidos espalhavam em conversas estes e outros comentários. Aqueles, porém, que haviam amadurecido o espírito na honestidade e na prudência (assim somos os mortais agitados pelas ondas das opiniões) diziam consigo isto: nem todos temos sabedoria em todas as horas; ainda os mais sábios podem ser privados do melhor conselho; não poderiam absolutamente ter errado, por paixão, em sua conjectura e expectativa, homens zelosíssimos do bem público. Por outro lado, entre o vulgo descontente e dicaz, ouvia-se o seguinte contra os diretores: que se mandara Artichofski somente para apear e suplantar o Conde, determinando-lhe uma coisa os diretores e subentendendo-se outra. Tentava-se por estas artes que Nassau, ofendido, abandonasse o comando espontaneamente, por desgosto ou por fraqueza de ânimo. Confiara-se a Artichofski a superintendência dos armamentos para pretexto, devendo atribuir-se-lhe os outros encargos do governo. Não obstante ignorarem os homens tais enredos, todavia proclamava-os o rumor público.
Elogio de João Koin
Durante esta pendência, encontrei um exemplo notável e digno de ser imitado pelos pósteros, isto é, ter o Conselho procurado prêmios para as pessoas de egrégias virtudes, já conferindo-os ele próprio, já sugerindo que fossem conferidos, pelos diretores da Companhia. Assim, João Koin foi promovido ao posto de coronel, em que antes tinha servido Artichofski. O Conselho Supremo solicitou para Koin ao Conselho dos Dezenove um soldo proporcionado à patente, além de o elogiar pela sua fidelidade, bravura e perícia militar, porque já se havia ele ilustrado pela fama de muitas expedições e pela recente conquista do Forte da Mina, revelando-se varão de ânimo resolutíssimo para realizar as empresas e desempenhar as ordens súbitas. Subindo, portanto, de posto, merecia maior estipêndio, e havia de guerrear mais animosamente, se, elevando-se na hierarquia militar e no conceito dos diretores, gozasse também de maiores vantagens pecuniárias.
Elogio de Matias Ceulen e de Adriano van der Dussen.
Foram também elogiados pelo Conselho os conselheiros Matias Ceulen e Adriano van der Dussen, homens notáveis pela sua habilidade política e administrativa, os quais se achavam prontos para regressar para a Pátria. O primeiro, vindo por duas vezes ao Brasil, prestou aí à Companhia serviços que não se esquecerão. Conduziu vencedor o nosso exército contra Goiana e depois contra a província do Rio Grande, onde expugnou o Forte dos Três Reis Ma