que os governantes sempre se avantagem aos demais). Ele ideou para cada províncias o seu brasão próprio; depois formou o do Conselho Supremo, abrangendo num só escudo as insígnias de cada uma delas, para indicar assim os términos do Brasil Holandês. Sobre este escudo viam-se as armas das Províncias-Unidas e em baixo a divisa da Companhia das Índias Ocidentais. O selo do Senado Político (ou Conselho de Justiça) era constituído pelos brasões das quatro províncias, contidos num escudo semelhante, sobre o qual se via a Virgem Astréia, trazendo numa das mãos uma espada, vingadora dos crimes, e na outra uma balança, regra dos comerciantes. A câmara de Pernambuco tinha por insígnias uma virgem mirando-se num espelho e como enlevada pela sua formosura, e empunhando uma cana sacarina, escrito o nome da cidade de Olinda. Com tal emblema significava-se a beleza e a riqueza da região. Receberam também os seus brasões próprios as outras câmaras de Pernambuco, a saber: Igarassu, Serinhaém, Porto Calvo e Alagoas. O de Itamaracá mostrava um cacho de uvas, porque nenhuma parte do Brasil os produzia tão belos e suculentos quanto a ilha de Itamaracá. O da Paraíba apresentava as formas piramidais dos pães de açúcar. ou por ser produtora de ótimo e estimadíssimo açúcar, ou porque, passando para nós essa província, foi aí maior o trabalho dos engenhos e o preço do açúcar. A província do Rio Grande tinha por armas um rio, em cujas margens pisava uma ema, por ser ali maior abundância dessa ave. Estes brasões foram gravados em sinetes de prata por escultores batavos, e não em latão ou ferro para não os carcomer o azinhavre ou a ferrugem.Falei pouco acima dos presos portugueses. Sobre eles e sobre toda a conjuração, que andava na boca do vulgo (refiro fatos ocorridos pouco depois), li o seguinte nas crônicas do Brasil e nos relatórios e cartas do Conselho Supremo aos diretores da Companhia: ter partido aquela acusação do medo e de uma suspeita demasiado crédula. Não foram, porém, os acusados convencidos do crime que se lhes imputava, posto que processados. Mas, pela consideração e autoridade que gozavam entre os seus, assim como pelos cabedais que possuíam, receava-se que, em chegando a armada espanhola, como já corria, nos prejudicassem oculta ou abertamente. Julgou-se, pois, importar ao Estado e à utilidade geral segregá-los do povo, por um como ostracismo, afigurando-se que se praticam, sem violar as leis, os atos tendentes à segurança da república, ainda mesmo que, olhados em si, tenham alguma coisa de repreensíveis. Proce
História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.
Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife