casas ou restaurar as arruinadas, proibido severamente o transporte, dali para outro sítio, de entulhos, madeiras, pedras, ferragens. Baixou o Conselho um decreto mandando vender em hasta pública os escravos que fossem nossos, quer por direito de guerra, quer por compra. Aos antigos romanos era familiar vender os prisioneiros de guerra e obrigá-los a trabalhos servis, e antes deles o foi também aos tessalos, ilírios, tribalos e búlgaros. Nas guerras dos cristãos entre si, reputa-se isso uma dureza, e os maometanos, apesar de não seguirem tal costume entre os povos da sua religião, usam essas vendas entre estes e os cristãos, desiguais em religião.Seria de escritor em extremo diligente e esquadrinhador de minúcias dar o número e os nomes das naus que, por essa época partiram da Holanda e a ela tornaram, transportando mercadorias, mantimentos, armas, etc. Referirei apenas isto: nesta ocasião, aportou ao Recife uma nau francesa, à qual o Eminentíssimo Cardeal Armando Richelieu, em nome do Rei Cristianíssimo, concedera licença para comerciar e para hostilizar os adversários. Entretanto, assim como foram cortesmente acolhidos os capitães dela, por acatamento e amizade ao rei nosso aliado, assim também, por um mau proceder, atraíram a si os franceses que ali militavam sob nossas bandeiras, mandando-os sair do Brasil. Este é aquele Richelieu, há pouco árbitro do reino de França e dos seus destinos, sob o rei Luiz. Abrangendo em sua mente capacíssima os complicados interesses da Europa, não somente firmou a fortuna da França, mas também abalou a dos monarcas e príncipes vizinhos.
Elogio do Conselho Secreto e Político.
Não se deve passar em silêncio a diligência e o zelo de alguns conselheiros, que julgavam importantíssimo para a conservação do nosso domínio no Brasil tomarem a direção da guerra aqueles mesmos que presidiam ao governo. Isto seria preferível a que, confiando as campanhas ao comando de outros, esperassem de votos inoperantes, dentro das fronteiras, a sua fortuna e a pública, recebendo como alheios os sucessos prósperos e sofrendo se lhes imputassem como próprios os adversos. Mereceram louvores por esse empenho Gisselingh, Mateus van Ceulen, Adriano van der Dussen, Carpentier e outros. Jornadeando, restaurando fortalezas, providenciando vitualhas e armamentos e enviando tropas e esquadras contra os adversários, tornaram-se nomes dignos de tão relevantes funções.
Minas.
Nessa ocasião, esperanças de minas metalíferas vieram alentar os mercadores e, como sói acontecer nas quadras de aperto, os lucros que em toda a parte se esperavam afagavam, em suavíssimos