História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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Pernambuco, Sergipe, Baía de Todos os Santos, Ilhéus Espírito Santo, Porto Seguro, Rio de Janeiro e S. Vicente".As nações disseminadas por elas e pelo sertão diferem no natural, nos dialetos e nos nomes: "Potigares, Viatãs, Tupinambás, Caetés, Tupiniquins, Tupiguais, Apigapigtangas, Muriapigtangas, Itatis, Temiminós, Tamoios, Carijós e os célebres Tapuias, Tucanuços, Nacais, Cuxarés, Guaianás, Gaianás [^nota-27], Pigrus, Canuçuiaras" e mais algumas enumeradas em particular por outros escritores [^nota-44].Não carregues o sobrolho, leitor: estamos fora do Lácio e da Grécia. Não foi permitido inventar palavras só para os povos do Velho Mundo. Também para as coisas da América é forçoso e justo criar termos para exprimi-las adequadamente.Seria apenas descrever o Brasil e não historiar os fatos nele sucedidos dar-se uma relação completa de cada uma dessas coisas. Será suficiente indicar-lhe a posição, os limites, as capitanias, a população e as riquezas. Caberá talvez a outros, que falam nesta mesma história, darem, por dever de ofício, notícia mais circunstanciada de tais matérias [^nota-45] .

Divisão recente do Brasil - Mauricio mandou representar o Brasil Holandês em quatro mapas - Oliveira inclui o Sergipe entre as capitanias.

Há muito a ciência dos geógrafos dividiu o Brasil em capitanias do norte e do sul. A divisão recente é, porém, a que o distingue em Brasil Espanhol e Brasil Holandês. A primeira dessas divisões é a natural; e segunda é feita pela força e valor dos homens. Aquela é a do Criador; esta a da partilha entre os príncipes. Uma é perpétua e imutável; a outra passageira e variável, segundo a fortuna da guerra. Os quatro mapas juntos, devidos à munificência de Nassau, representam o Brasil Holandês. Nem a América, nem a Europa viram até hoje outros mais completos. O primeiro estende-se do rio Potipeba até o S. Francisco, abrangendo o Sergipe del Rei, anexado ao domínio da Companhia pelas armas de Maurício. Chama-se Capitania do Cirii, à conta do nome do rio. Neste mapa, o rio de S. Francisco, celebrado nos livros dos espanhóis e dos nossos patrícios, afamado pelas suas ilhas, penedos e vaus, abre a sua barra e penetra, com vários rodeios, pelo sertão do Brasil. O segundo e o terceiro mapa põem ante os olhos toda a capitania de Pernambuco, bem como a de Itamaracá. O quarto mostra a Paraíba e a capitania do Rio Grande. Em cada um deles encontram-se, marcados com sinais próprios, os engenhos de açúcar, os currais, as cidades, vilas e aldeias, os fortes, os rios, as baías, os cabos, sinais esses que trazem luz e fé à narração.