para a sua terra inúteis à Companhia, vergonhosos para a Pátria, desprezados pelo inimigo, sofrendo, assim, o infamante castigo de seu desleixo e perfídia.
Segunda expedição ao Ocidente sob Balduíno Henrique - ano de 1625.
Seguiu-se, em posto mais elevado, Balduíno Henrique, marítimo experiente, que, por toda a parte, espreitava ocasiões de praticar façanhas. Combateu com fortuna vária na América Setentrional, depois de atacar as costas do Brasil em expedições incertas, dirigidas para onde as levava a sorte e a prudência. Morreu próximo do porto de Havana, e a sua esquadra, tão bem apercebida, inspirando grandes esperanças de danos contra o inimigo, não correspondeu com proveito algum às despesas com ela feitas. Voltou para a Holanda pelas desinteligências dos comandantes, motivadas pela discórdia e rebeldia dos piores elementos da marinhagem. Entanto, recebeu-se uma lição nova: ser difícil manter-se dentro da ordem uma multidão distante da Pátria e do respeito da autoridade suprema, a qual e a que, em maior grau, pode conter a fidelidade da soldadesca.
Navegação de Pieter Heyn para o Ocidente - Felicidade do Almirante.
Brilhou depois mais venturoso o astro Pieter Heyn, tão célebre pelos seus sucessos faustos e infaustos. Com felicidade única, refez o tesouro exausto e restabeleceu o crédito abalado da Companhia. Antes, num extraordinário exemplo de bravura, investiu, com hercúleo esforço, a armada espanhola, incendiando-a na própria Baía de Todos os Santos, para que não se jactasse a antiguidade sozinha de Temístocles, Duílio, Atílio e Xantipo.
Toma-se a frota da Nova Espanha próximo ao porto de Matanzas.
Exercendo já o almirantado com admirável exemplaridade, sob o seu comando dirigiu-se para o Ocidente a fortuna da guerra. Como primeiro e oportuníssimo despojo, caíram-lhe nas mãos diversas naus grossas, carregadas de ouro, prata e preciosas mercadorias da Nova Espanha. Ofereciam-lhe os fados a opima tomadia, reunida às frotas no porto de Matanzas, não de propósito, mas pelo ímpeto da maré. Desde então, mais tranqüila se tornou a situação da Companhia e mais certa a sua boa fortuna, amparada por imensas riquezas. Logo porém, aluíram-na a cobiça e a desconfiança do futuro, que se insinuara no espírito de muitos. Com efeito, o dinheiro consumido em gastos intempestivos e imódicos, quando a Companhia, no nascedouro, ainda não firmara o seu poder nas terras estrangeiras, enfraqueceu-a e fê-la inapta para combater por muito tempo o inimigo. Assim, enquanto se tratava de aumentar o patrimônio privado, faltou o público, e a precipitada avidez de possuir e de recuperar sacrificou a esperança de futuros lucros.