sob o pólo ártico, ao setentrião; o outro austral, a nós ignoto. Foi nisso que se inspiraram os versos de Sêneca vaticinando o descobrimento de novos mundos para não ser mais Tule a última das ilhas, e estoutros de Vergílio: "... IACET EXTRA SIDERA TELLUS, EXTRA ANNI SOLISQUE VIAS..." [^nota-29].
Livro VII, Quest. Nat., c. 31.
Sêneca [^nota-30] também se mostra poeta e não testemunha da verdade, quando escreve estas palavras: "A humanidade porvindoura conhecerá muitas coisas a nós ignotas, e muitas conquistas estão reservadas para os séculos futuros, quando nem sequer subsistir a lembrança de nós. Seria o mundo uma insignificância, se não contivesse em si o que o mundo inteiro procura".
Quest. Nat. S. C. último.
E noutra parte: "Como poderia eu saber agora se o senhor de uma grande nação, estanciada nalguma região oculta, já não quer, arrogante com o favor da fortuna, conter suas armas dentro das próprias fronteiras e, maquinando pianos ignorados, não esquipa uma armada" Como posso saber se é este ou aquele vento que me trará a guerra"".
A América foi habitada desde a antiguidade.
Entretanto, não só muitas circunstâncias atestam que a América tenha sido habitada desde a antiguidade, mas principalmente um sistema de governo determinado e constante, a soberba construção de cidades e de vias, a magnificência dos edifícios, a densidade das populações e os seus costumes, os quais nada apresentam de modernos. Só poderiam os americanos chegar a este grau de civilização num longo lapso de tempo.
Primeiros descobridores, Colombo - Vespuccio - Magalhães e outros.
O primeiro que, segundo a memória dos nossos antepassados, descobriu com certeza terras e povos além do Atlântico, para o ocidente, foi o genovês Cristóvão Colombo. Homem de agudíssimo engenho, observou, navegando para lá do estreito de Gibraltar e de Gades, serem freqüentes os ventos, do oeste, os quais, segundo aprendera com grande tino, somente sopram da terra. Depois de baldadas solicitações a diversos príncipes, enfim, sob os auspícios dos reis Fernando e Isabel, chegou em 1492, depois de percorrer o vasto oceano, as ilhas ocidentais de Hispaníola, Cuba e Jamaica. Seguiu-o o florentino Américo Vespuccio, que ligou o seu nome à América. Fez ele, a mandado de D. Manuel, rei de Portugal, a mesma viagem, e foi o primeiro que abicou ao golfo da Pária [^nota-31] e ao Brasil no Novo Continente. Após estes, Magalhães, Drake, Cavendish, Van der Noort, Raleigh, Forbischer e outros argonautas deram a conhecer outras regiões americanas, freqüentadas posteriormente por mercadores portugueses, castelhanos, holandeses, ingleses e franceses, dando-lhes não só farta esperança de lucros,