História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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"XV. Cada proprietário terá de declarar ao Supremo Conselho, antes do fim de Janeiro, a quantidade de mandioca que é obrigado a plantar e a medida de farinha que lhe compete fornecer, para saber ao certo o Conselho qual a provisão de mantimentos para o exército"."XVI. Feita a distribuição do trabalho do plantio, as câmaras chamando os donos de terras, indicar-lhes-ão a medida de farinha exigida de cada um pela autoridade pública, medida que passará invariável e perpétua a filhos e netos".XVII. Será tudo isso lançado em registros públicos, afim de que deles constem as obrigações prestadas ou não por cada um e as penas nas quais houver incorrido".Tendo rememorado os trabalhos e cuidados de Nassau, recordemos também as honras que mereceu.

Homenagens rendidas a Nassau pelos pernambucanos.

O Senado da Câmara de Pernambuco, por ser o primeiro dentre todas as câmaras das províncias, na dignidade, população, poder e comércio, conferiu solenemente a Nassau o titulo de Patrono, pela singular proteção por ele dispensada ao Brasil e à gente portuguesa, pelo apreço que mostrava àquela corporação e aos cidadãos, pela sua honrosa atuação na paz e na guerra e pelo fulgidíssimo nome da casa de Nassau. Significavam com tal título que reconheciam o governador por Pai, Defensor e Salvador da Pátria, por cujo patrocínio eram garantidos, tanto no Brasil como na Holanda, os interesses e bens deles. Nesta manifestação pública, prendiam-se inequivocamente ao governador por laços de fidelidade e de obediência e pelo compromisso de todos os serviços, e o Governador se obrigava a eles pelo amor, zelo e benevolência. Diziam que era costume dos espanhóis darem louvores públicos aos capitães beneméritos e que iam pedir por carta aos Estados Gerais e ao Príncipe de Orange a ratificação daquele título. Nassau, sem fazer cabedal daquela gloríola, a ele dada pela adulação de uns e pela afeição de outros, e para não parecer desdenhar com fastio as simpatias de seus súditos, respondeu-lhes que tais homenagens o advertiam do seu dever. Com aquele título não se tornava ele mais eminente e sim mais afável para os seus e mais favorável a eles. Na pátria ou fora dela, velaria sempre pelo bem estar e pelos interesses deles, preferindo ser Patrono pelo seu próprio esforço a ser vangloriosamente proclamado tal pelos seus.