O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 159


É certo que a W.LC. tinha em vista o suprimento de reforços. Mas a gente experimentada do Recife bem sabia quanto havia confiar em tais promessas e com que boa vontade as Câmaras da Companhia costumavam satisfazer as exigências do Diretório Geral, quanto ao aliciamento de recrutas para o Brasil.A revista das tropas em 14 de Abril de 1637 dera a conhecer um efetivo de 7.003 homens 1.Depois dessa data muitos haviam perecido no campo da honra ou, por doença, se incapacitado para a atividade bélica. Algumas centenas, completado o tempo de serviço, haviam regressado à pátria, e um número considerável de antigos soldados tinham dado baixa a fim de trocar a espada pelo arado e se estabelecer como colono, como "vrijluiden", na Nova Holanda 2.Os claros assim abertos não tinham podido ser preenchidos senão de modo imperfeito, por falta de suprimentos regulares.Em vista de sua intensa atividade durante os primeiros oito meses de governo, não teve João Maurício quase tempo de cuidar de si mesmo e gradualmente adaptar a sua constituição física ao clima tropical. Em Dezembro de 1637 acessos febris o levaram à cama. Três longos meses esteve em luta com eles, até que a sua robusta natureza por fim predominou. Apenas sentiu-se curado, determinou, oficial obediente como era, e apesar de todas as dúvidas, levar a cabo a empresa baiana que lhe haviam cometido os Diretores Gerais. As notícias trazidas da região inimiga pelos espiões, em princípios de 1638, deixavam entrever probabilidades muito favoráveis ao êxito da tentativa. Constava que as tropas baianas recusavam obediência aos superiores hierárquicos, que estavam mal satisfeitos com o tratamento que recebiam, acrescendo que se achavam


  1. Nota 157: João Maur. ao Cons. dos XIX, 25 de Agosto de 1637.

  2. Nota 158: Governador e Cons. ao Cons. dos XIX, 2 de Junho de 1637.