O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 156


Poucos dias depois, empreendeu a esquadra a sua viagem de regresso ao Brasil [150.]Com os navios que haviam ficado em Pernambuco, Lichthardt fizera, nesse meio tempo, viagens de reconhecimento, à Bahia de Todos os Santos, e conquistara a Vila de São Jorge dos Ilhéus fundada no ano de 1530, quinze milhas ao Sul da Bahia 1. O adversário respondeu a esse golpe com uma incursão na zona fronteiriça de Alagoas. Mais uma vez aldeias e propriedades agrícolas foram arrasadas e incendiadas, e os infelizes habitantes massacrados ou feitos prisioneiros. Em represália a esta brutalidade penetraram os Holandeses em Sergipe del Rey, atacaram a cidade do mesmo nome e não deixaram pedra sobre pedra. Os soldados holandeses receberam mesmo ordem de destruir completamente campos, árvores frutíferas, estabelecimentos e canaviais, bem como se apoderar de todo o gado existente na região percorrida.. Essa destruição sistemática tinha por fim tornar a capitania limítrofe, Sergipe, imprestável para operações militares, por parte do inimigo 2.No outono de 1637 pôde João Maurício registrar um novo sucesso. Enviados das tribos indígenas residentes no Ceará e no Norte do Rio Grande, apresentaram-se no Recife para pedir ao Statthalter a sua libertação do jugo português e sujeição à dominação holandesa. Como penhor da sinceridade do seu pedido, ofereceram eles ao Príncipe reféns, para maior garantia, filhos de dois chefes de tribo. João Maurício aquiesceu à petição desses aborígenes, e, em meado de


  1. Nota 151: Governador e Cons. ao Cons. dos XIX - 6 de Maio de 1637.

  2. Nota 152: Netscher diz à página 92 que João Maurício não estava de acordo com este proceder, mas teve de adotá-lo por ordem expressa dos Diretores.