O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 147


em recuo para o Sul. Em seu favor militava, a circunstância de achar-se Bagnuolo inteiramente desanimado após a queda de Porto Calvo. Ele não cuidava agora senão de si, de sua salvação pessoal, deixando vergonhosamente em apuros os seus soldados. A conseqüência foi que a retirada do inimigo batido degenerou em desordenada fuga. Mas a esperança dos Holandeses de alcançar os fugitivos e impossibilitar-lhes a travessia do Rio São Francisco, - fronteira sul de Pernambuco, - resultou frustrada. Os perseguidos foram mais velozes que os seus perseguidores. Ínvias montanhas havia a transpor, matas virgens a varar, e profundos pantanais a contornar. As tropas européias de João Maurício tiveram de sofrer horrivelmente em conseqüência do calor do clima e da falta de água potável. Muitos soldados adoeceram de disenteria e foram ficando pelo caminho. Quando chegaram finalmente ao Rio São Francisco, foi somente para verem que Espanhóis e Portugueses poucas horas antes haviam atravessado a corrente 1. Os Holandeses, no intento de levar por diante a sua perseguição, apoderaram-se da Vila de Penedo, situada na margem do Sul. João Maurício, porém, achou mais prudente desistir desse ponto, não só porque não se poderia aí sustentar, como também porque a margem norte do rio oferecia uma linha de defesa como melhor não havia desejar. Defronte de Penedo, numa eminência que dominava em grande extensão o curso do rio, foi erigido o "Fort Maurits", e cogitou-se da construção de uma segunda fortaleza para defesa da foz 2. Aos Brasileiros domiciliados na margem direita, em sua maior parte criadores de gado, ordenou o Governador que se transferissem


  1. Nota 135: Gijsselingh ao Cons. dos XIX, 1 Maio 1637.

  2. Nota 136: Governador e Alto Conselho ao Cons. dos XIX, 6 Maio 1637. - Nota do tradutor: Parece haver aí engano; Penedo fica do lado de Alagoas, norte portanto.