O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 93


o sonho de todos os capitães da esquadra holandesa de cruzeiro, em atividade nas Índias Ocidentais. Tanto mais assim, quanto se sabia que terrível golpe havia de ser a ruína dessa frota, para a Espanha que vivia numa crônica abertura finaceira. Na verdade, a aventura era muito perigosa. Devia-se contar que o adversário levaria ao extremo a sua resistência. Era de esperar que o governo espanhol armasse esses navios de fortes meios de ataque e defesa, que tomasse todas as medidas de segurança, para que os galeões pudessem navegar tranqüilos através de um oceano coalhado de corsários. A esses navios-de-prata chamavam "a alma de Job, porque Deus os punha em prova, mas não os deixava perecer" 1 Somente uma vez e somente a um homem devia caber a sorte dessa captura. Em Setembro de 1628 encontrou Piet Hein na Costa Norte de Cuba a frota, composta de 15 grandes naus, que navegava em duas Divisões. Uma parte dos Espanhóis, que desacautelada e sem a menor suspeita da presença de Hein seguia o seu caminho, foi logo tomada. As embarcações carregadas do metal precioso tiveram tempo ainda de se refugiar na baía de Matanzas, onde os Holandeses na manhã seguinte as abordaram sem esforço 2. Excederam a todos até então havidos, os despojos da gigantesca presa, em prata (177.537 libras), ouro, peles, pérolas, anil, pau campeche, açúcar etc. O seu valor total atingiu a perto de 15 milhões de florins, e a venturosa W. I .C, diante da qual, após a angústia dos primeiros anos se abria agora repentinamente a mina do Sésamo, distribuiu um dividendo de 50%.


  1. Nota 46: Ranke, Spanische Monarchia II, Abteilung, p. 454.

  2. Nota 47: As melhores exposições contemporâneas, em de Laet, p. 137 ff: Aitzema I, p. 720 ff. Conf. ainda Luzac I p. 320; Santa Teresa I, p. 88.