O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 77


Nos doze anos de tréguas, reanimou-se o intercâmbio comercial com Portugal e, através de Portugal, com o Brasil. De 10 a 15 barcos holandeses velejavam anualmente de portos portugueses para a costa oriental da América do Sul, e voltavam ao Porto e a Viana carregados de açúcar e madeiras do Brasil. Lisboa era menos freqüentada porque lá os impostos sobre o açúcar eram muito elevados. Os portugueses davam preferência para os seus carregamentos aos navios holandeses, os quais em conseqüência de sua sólida construção, resistência ao mar e grande capacidade começaram a expelir gradualmente a concorrência das caravelas, na navegação para o Brasil. Ainda mais, o negócio, segundo se evidencia de nossas fontes manuscritas, passou em considerável parte para as mãos das firmas holandesas. Estas fundaram filiais nas praças nomeadas e ganharam muito dinheiro. 1 Depois de, por vários anos, ter dedicado a sua atividade a outra empresa, o dessecamento do Beemster 2, apareceu Usselinx novamente em público, quando melhores perspectivas se ofereceram para a realização dos seus planos de colonização das Índias Ocidentais. Em entendimento com o príncipe Maurício, procurou ele mais uma vez reviver a agitação em Holanda e Zelândia. Mas Oldenbarnevelt estava de sobreaviso. Ele sabia que o bom êxito da propaganda viria abalar o estado de paz, com tantos esforços conseguido, e forçar a Espanha a nova guerra. E os Estados da Holanda formaram fielmente ao lado do Grande Pensionário. Mais uma vez chocou-se Usselinx


  1. Nota 20: Segundo a já acima cit. "Deductie, vorvattende den oorspronck" etc. Conf. Também meu artigo: Holland und Brasilien in 17 Jahrhundert, na "Hansische Geschichtsblätter", ano de 1911, página 457.

  2. Nota 21: Um lago interior na Província Holandesa do Norte (entre Alkmaar, Purmerend e Hoorn) dessecado nos anos 1608-1612.