O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 71


Era um exagero, bem se vê, falar em um "enorme enxame de navios de comércio", em referência às embarcações neerlandesas aparecidas nas costas da Guiana, do Brasil e na região insular das Índias Ocidentais, ao expirar do século 16, quando o seu número se achava ainda em lento crescimento. Indiferentes às severas prescrições do Rei e por vezes mesmo com a tácita tolerância do Governo exercitavam os holandeses o comércio de trocas com os naturais e, quando se lhes oferecia ocasião, davam-se mesmo ao saque de caravelas 1. Zelandeses de Vlissingen fundaram dois fortes no Xingu, afluente sul do Amazonas 2, por volta de 1600, - estabelecimentos estes a que estava reservada uma curta existência, mas que vieram mostrar com que energia foi levado o avanço no novo rumo. Já no princípio do século 17, de 80 a 90 embarcações navegavam anualmente para Punta de Araya na costa da Venezuela 3, em busca de carregamentos de sal, de tanta necessidade para a pescaria.Estando a visita às colônias espanholas - desde 1580 as possessões ultramarinas de Portugal pertenciam ao reino de Philippe - sujeitas a muito grandes embaraços e constantes perigos para navio e tripulação, os comerciantes e armadores em Amsterdã, Enkhuisen, Midelburgo e outros lugares, já se tinham, em 1597, organizado em pequenas associações de comércio.


  1. Nota 9: Van Rees II, página 75.

  2. Nota 10: A primeira notícia a este respeito se encontra em J. de Laet, Nieuwe Wereldt ofte Beschrijvinge van West-Indien. 2 Druck (1630). página 562.

  3. Nota 11: Vogel, Zur Grösse der earopäischen Haendelsflotten in 15, 16 und 7 Jabshundert, Fest-schrift zu D. Schäfers, 70 Geburistag, p. 314 (W. Vogel - grandeza da rota comercial européia nos séculos 15, 16 e 17. Opúsculo comemorativo do 70.º aniversário natalício de D. Schäfer). Uma boa referência geral de fontes.