A estância dos Afogados, marcada com a letra X na carta apresentada a Vossas Graças, está situada na costa do sul do ancoradouro ou do jato de água que sai do Capiberibe, formando uma ilha da região de Santo Antônio e separando-nos assim do continente e da várzea em que se acham os engenhos, e o inimigo, aproveitando-se disso, faz guardar a margem do rio por postos numerosos e nos encerra assim dentro de nossos limites. Ao longo ou através da dita estância vai o caminho, passagem comum que conduz ao sul e pelo qual não só vêm ao arraial, em geral, os animais em número muito grande, mas são também transportados em carroças todos os artigos e todas as mercadorias tanto do Cabo como de outros portos. Apoderando-nos desta estância e pondo-a em estado de defesa, privaremos o inimigo, em primeiro lugar, de seu caminho mais cômodo e conveniente, obrigando-o a servir-se dos caminhos do interior, o que se fará com incomparavelmente mais dificuldades e despesas, e não poderá realizar-se durante o inverno por causa da chuva. Teremos, então, o caminho aberto para a varga do Capiberibe, a principal de toda a Capitânia, e estará em nosso poder impor-lhe tributos (pois que ela não começa longe dali) ou tratá-la a nosso bel prazer; além disso, os habitantes e os senhores dos engenhos verão, então, aberto o caminho para vir comerciar conosco, o que agora lhes é impossível, separados como estão tanto pela água como pelas estâncias das redondezas. Por este modo tornaremos inúteis para o inimigo todas as obras e trincheiras que Ele tem ao norte do Capiberibe, a maioria das quais foram construídas ali unicamente com o fito de cortar-nos a passagem para o interior rumo ao arraial e a varga, com o que ele será, por conseguinte, frustrado em seu objetivo. Além disso, teremos também a passagem livre para o sul rumo ao rio dos Afogados, visto como entre esta estância e o rio citado não existe senão campo. Teremos também caminho livre além dos Afogados para Santo Amaro, Moribeca e outras aldeias e engenhos, a menos que o inimigo não nos feche a passagem por meio de novas fortificações e novos trabalhos, o que, todavia, não poderia realizar-se sem despesas enormes e guarnições consideráveis. Haverá também probabilidades, segundo parece, de provermo-nos de madeira para lenha e madeira para construções, uma vez
Documentos Holandeses
Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde