Documentos Holandeses

Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde

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Para dizer algumas palavras acerca de cada um desses lugares e dar a conhecer sua situação, estas poucas indicações bastarão. A freguesia de S. Lourenço estende-se até às Alagoas, de sorte que Coreripe e Rio São Miguel nela também se compreendessem; é habitada até bem longe no interior, mas as casas são extremamente espalhadas; por conseguinte o número de habitantes não é considerável; vivem da cultura da farinha e tabaco, mas sobretudo da criação de animais, que aqui se encontram em tal abundância, que um certo Antonio de Cardosa possui, só ele, sem contar as ovelhas e porcos, umas doze mil cabeças de gado; os vales de São Miguel e Coreripe fornecem uma grande quantidade de madeira (brasil), estendendo-se cerca de 8 ou 10 léguas para o interior, mas não se cuida absolutamente de cultura de cana de açúcar. A freguesia que se segue na direção do norte, é a das duas Alagoas, onde existem três engenhos de cerca de 400 habitantes; vivem de farinha, tabaco e gado, como os de Rio de S. Francisco; são na maioria cristãos novos; fazem pouco caso das ordens do Governador de Pernambuco, e são excelentes soldados. Vêm a seguir Rio Santo Antonio Grande e Mirim, que não compõem, a bem dizer, uma freguesia separada, por causa do pequeno número de habitantes, mas têm, não obstante, dois engenhos e um solo soberbo para estabelecer outros. Depois vem Camaragibe, não mais contada como uma freguesia separada; tem, entretanto, 2 excelentes engenhos; os habitantes vivem da farinha, do tabaco e do gado. Porto Calvo, uma freguesia grande e importante, tem 5 engenhos; os habitantes, que poderiam fornecer cerca de 400 homens em condições de combater, vivem dos mesmos meios que os precedentes. Segue-se a população de S. Gonzales ou Huna, que tem 2 engenhos e um grande número de habitantes, cujos meios de existência são os mesmos que os dos precedentes; aqui, como, aliás, em todos os lugares mencionados, há muito algodão, que ordinariamente se expedia em navios para Portugal.