Documentos Holandeses

Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde

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coisa senão madeira e areia, e esta somente quando a água está muito baixa, e, mesmo assim, cavando-se à profundidade de um pé, encontra-se de novo o embaraço da água, de modo que o alicerce deverá ser construído de cal e pedras. Aliás, a água, elevando-se, arrastaria inevitavelmente a areia de entre os molhos de lenha, e, desta forma, a obra viria abaixo. Além disto, resolvemos erguer uma fortaleza principal no sítio em que nossa bateria foi colocada, frente à entrada dos navios que vêm do mar, e à qual os que quiserem entrar deverão dirigir-se em linha reta antes de contornar o ângulo do recife: temos a intenção de construir aí quatro muralhas sobre os alicerces que Matias de Albuquerque começara; a primeira será feita de molhos de lenha, e depois circulada de uma muralha de pedra, porque, de terra, não há muralhas aqui. Executados Estes trabalhos, o porto, os navios e o recife estarão em perfeita segurança. Eis o que julgamos útil fazer para a conservação desta cidade, mas, como escrevi em minha carta anterior, o maior obstáculo, que se nos apresenta é que há pouca cal e pouca pedra aqui, e nada mais senão areia e molhos de lenha. Aliás, escreverei agora aos Senhores Diretores para que providenciem no sentido de ser-me enviado tudo quanto é necessário, pois que, não dispondo aqui senão de areia, tudo deverá ser feito em alvenaria. Queiram Vossos Altos Poderes interessar-se porque esta cidade, conquistada com tanta felicidade, possa ser conservada, porque com ela toda a costa do Brasil não mais será livre e o comércio se estagnará, o que forçará e constrangerá os habitantes a vir ad rem e viver em paz conosco. Sempre desejamos que esta armada fosse utilizada em conquistas ulteriores, mas as grandes guarnições e os grandes trabalhos necessários à conservação da presente não o permitem. Até certo ponto em condição de defesa, não deixaremos de cumprir o nosso dever ao extremo. Pernambuco, 3 de abril de 1630. (Ass.) D. VAN WEERDENBURCH. Entregue na Legação Imperial do Brasil na Haia a 16 de novembro de 1853. ? J. C. da Silva.