Documentos Holandeses

Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde

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soldado do mesmo navio. Um dos navios espanhóis acima citados parecia ter a intenção de abordar-nos de esporão, mas caiu para sotavento e, passando junto de nós, recebeu algo com que lembrar com que travara conhecimento, isto é, a descarga de toda a nossa artilharia de bombordo, de maneira que uma terrível lamentação se fez ouvir a bordo do navio em questão. Neste comenos, o general Dom Frederico aproximava-se de nós cada vez mais, mas achava-se um pouco à nossa frente a sotavento e nós viramos de bordo tão rapidamente, que ele não pode atingir nenhum dos nossos (que corriam rentes uns aos outros) e, então, deixamo-lo bem longe, pelo menos uma légua atrás de nós. Enfim, à tarde, havíamos chegado acima de Point de Nage; uma parte dos navios do inimigo se achava na nossa esteira e três deles navegavam à feição do vento, mas a maior parte não podia mudar de bordo para passar o Point de Nage acima citado. Durante toda essa noite norteamos, e o almirante espanhol já referido, que nos ficava a barlavento, levou aceso um farol toda a noite e os outros navios, que haviam logrado dobrar o Point de Nage, acompanharam esse farol. A 24 pela manhã, ao romper do dia, vimos ainda 11 dos navios inimigos, entre os quais se achava o general Dom Frederico, assim como o almirante mencionado, que com 2 outros navios ia perto de nós, a pouca distância, mas os outros ficavam à retaguarda bastante longe. Vendo, ao contrário, que nos mantínhamos em tão boa ordem, juntos, e uns sempre aguardando os outros, volveram-nos as costas e retomaram sua rota em direção aos navios que haviam ficado na retaguarda. Eu fiquei espantado por ver o referido Frederico abandonar-nos tão facilmente, pois que a ocasião (sobretudo em relação ao primeiro) não podia apresentar-se mais favoravelmente. É o que me faz presumir que ele absolutamente não tinha ordem para tomar a ofensiva contra nós ou que, então, alguns deles perderam a coragem de atacar-nos depois de ter visto de que maneira havíamos salvado com tiros de artilharia o primeiro navio, como relatei acima; de sorte que nenhum deles ousou lançar-se contra nós. Desta forma, com a graça de Deus, livramo-nos de um inimigo terrível que nos havia de tal modo cercado e cortado a retirada, que, considerando a nossa força insignificante, segundo todas as probabilidades não havia nenhuma esperança e nenhum meio !e