Documentos Holandeses

Escrito por diversos autores e publicado por Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde

Página 11


fim, o vice-almirante não encontrou, com grande surpresa, nenhuma resistência e, prosseguindo a marcha, teve a notícia inesperada de que a nossa gente já ocupava a cidade. Juntando-se a ela, fez prisioneiro o Governador Don Diego Mendonssa do Fortado, que com seu filho e alguns oficiais ficara em casa queixando-se de pouco auxílio de sua gente. Na cidade fez-se a pilhagem do que se encontrou à mão, exceto algumas mercadorias, que, por prudência do vice-almirante, dos empregados da Companhia e de outros bons funcionários, foram poupadas em proveito da Companhia, e que agora podem ser esperadas brevemente em três navios, os quais levarão também o Governador e outros prisioneiros de importância, bem como informes mais precisos sobre o que se passou. As fortalezas circundantes foram abandonadas, como o foi a cidade; as suas peças de canhão foram transportadas pelos nossos para a cidade. Ao todo encontraram-se 23 peças de metal e 26 peças de fogo. Dois dias após essa vitória, o cônsul Johann van Dorth, que desde 9 de abril procurava a nossa gente na costa do Brasil, foi à casa do almirante e, depois de ter-lhe falado, fixou residência na cidade para por ordem em tudo e prover a cidade de estacadas e outras fortificações nos pontos em que fossem mais necessárias. Desta forma, alguns habitantes do país já começaram a entrar de novo em suas casas, sob a autoridade de Vossos Altos Poderes. Após a tomada da cidade, caíram ainda em nosso poder alguns navios, a saber ? um de Lisboa, de cerca de 50 a 60 lastros, carregados de óleo, pão e mercadorias; dois de Rio de Janeiro, carregados de açúcar, nos quais se achavam 9 jesuítas, sem o respectivo provincial, 2 franciscanos e 4 beneditinos, que haviam percorrido o Brasil em coleta de esmolas e que serão igualmente conduzidos para aqui como prisioneiros; mais uma pequena embarcação de Espírito Santo, carregada de açúcar e uma outra com 250 negros de sorte que o número de presos ainda aumentava diariamente. Eis ai, Altos e Poderosos Senhores, o relato conciso do que se passou e do que chegou a meu conhecimento, e de que semente a Deus Nosso Senhor cabe a honra. De resto, não podemos deixar de pedir reverentemente a Vossos Altos Poderes (pois em consideração a suas enormes e inauditas