não larga a sepultura. O chifre que traz na cabeça, colocado em infusão, no vinho durante a noite é um remédio contra veneno. É também remédio contra ataque histérico e em parto laborioso. A que acabo de descrever é fêmea; o macho é do tamanho duplo. Faz o ninho de barro, junto da base das árvores, sobre a terra e em forma de forno.PlTANGUA GUACU (termo indígena), em português Benteví. Ave do tamanho do estorninho. Tem o bico grosso, largo, piramidal, medindo um pouco mais de um dedo de comprimento, aguçado exteriormente. A cabeça é chata e um pouco larga; o pescoço curto, o qual ela contrai, quando assentada; o tronco tem quase dois dedos e meio de comprimento; a cauda, um tanto longa, mede três dedos de comprimento; as pernas e os pés são fuscos com quatro dedos, dispostos, como de costume. A cabeça, a parte superior do pescoço, o dorso, as asas e a cauda são de cor fusca escura com mescla de um pouco de verde. A parte inferior do pescoço, o peito, o baixo ventre tem penas amarelas; a parte superior, junto da cabeça possui uma coroa (quase como a dos monges) de cor branca. Grita com voz alta. Os belgas chamam-na "Grietjen-buys".Algumas dessas aves têm, no alto da cabeça, uma mancha amarela; outras a têm, em parte,da cor do barro; é chamado então pelos indígenas Cuiriri; aliás é semelhante em tudo ao pitanguaguacu.ATINGACUCAMUCU (termo indígena). Ave quase do tamanho do tordo. A cabeça é bem grande; o pescoço mediocremente longo; o tronco mede três dedos de comprimento. O bico é um pouco adunco, de uma cor mesclada de verde e amarelo; os olhos, sangüíneos com uma pupila preta. As pernas cinzentas são de comprimento medíocre, cobertas de penas, na parte superior. Nos pés, há quatro dedos, dispostos como de costume; a cauda é muito longa, medindo nove dedos, formada de umas dez penas, das quais umas inferiores são mais curtas que as superiores. A cabeça, o pescoço, o dorso, as asas e a cauda têm penas pardas ou fuliginosas, sendo a cor mais carregada, na cauda. A extremidade de cada pena da cauda é do comprimento de meio dedo, de cor branca, sombreada de escuro entre o branco e o ruivo, a garganta, o pé, o baixo ventre, a parte superior das pernas são cobertas de penas cinzentas. Na cabeça, encontram-se umas penas um pouco longas, as quais podem ser levantadas à semelhança de dois chifres. Esta ave é elegante por causa do comprimento da cauda. GUIRAACANGATARA (termo indígena). Ave do tamanho da pega pintada. Seu bico mede um dedo de comprimento; tem a parte superior pouco adunca; é totalmente amarelado escuro. Os olhos são cristalinos com uma íris fusca; o pescoço mede dois dedos de comprimento; o tronco, três. A cauda é muito longa, isto é, mede oito dedos e consta de oito penas retas. A parte superior das pernas é coberta de penas, medindo de comprimento dedo e meio e bem assim a parte inferior. Nos pés acham-se quatro dedos, semelhantes aos do papagaio; dois são mais curtos, em direção à parte interior; dois mais longos, em direção à exterior. A cabeça é coberta de penas fuscas no centro, em sentido longitudinal (junto do tronco), amarelados dos lados como a crista. O pescoço e as asas, pelo contrário, têm penas amareladas no centro e fuscas dos lados; a extremidade das asas quase sempre é de cor fusca. O ventre, dorso (com exceção das asas) a parte superior das pernas e origem das asas constam de penas de uma mescla de branco e amarelo pálido, tendo o comprimento de três dedos e meio; o resto da cauda é de cor fusca e sua extremidade tem orlas brancas. A parte inferior das pernas e os pés são de cor verde-mar; na cabeça acham-se eriçadas umas penas em forma de crista. Esta ave, nas florestas emite um grande clamor.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado