vermelha, sita sobre a origem do bico superior; há uma pele vermelha à roda dos olhos. Esta ave tem boa e copiosa carne. Colocam-se muitas vezes nos altos das árvores, porque depois de lavadas na água fria costumam subir ao alto das árvores para tomarem ar e se aquecerem ao calor do sol.URUBITINGA (termo indígena). Observo que tenho dúvida a respeito deste nome, porque a ave no caso presente é superior à urubitinga. Ave semelhante à águia, do tamanho de um pato de seis meses. Tem um bico, grosso, adunco, preto, e ao redor do nariz, uma pele amarelada; os olhos são grandes, notavelmente aquilinos; a cabeça, grossa; as pernas e os pés da cor de barro. Nos pés acham-se quatro dedos dispostos como de costume com unhas semilunares longas, pretas; as asas são amplas; a cauda, larga. Esta ave é coberta de penas fuscas e escuras; pelas asas acha-se uma como que onda cinzenta. A cauda mede nove dedos de comprimento, sendo branca, numa extensão de seis dedos, e um pouco escura, nos três últimos, tendo porém, um mínimo branco, na ponta. Esta ave é de uma bela estatura.MARRECA. Espécie de ádem silvestre, mas pequena. Seu bico é como o do ádem; é fusco com uma mancha vermelha, de um e outro lado, perto da sua origem. O alto da cabeça, é de cor grisalha como a da lebre; os lados da mesma, debaixo dos olhos, são brancos; o peito, o baixo ventre são de um escuro que rivaliza com a cor de um pedaço de carvalho, mas marchetado de pontinhas pretas. São pretas as pernas e os pés; a cabeça é grisalha; as asas, elegantes, de uma cor mesclada de escuro e grisalho, na sua origem, as rêmiges são de um lado da cor antecedente; a metade extrema é de cor parda carregada, como costuma ser também a dos pés; no meio a cor é verde brilhante com a fímbria preta, como o pescoço dos ádens. A carne desta ave é muito boa.MARRECA (outra espécie). É do mesmo tamanho e figura que a antecedente. O bico é preto lustroso; o alto da cabeça, a parte superior do pescoço, o dorso, é da cor da sombra com mescla de fusco; debaixo da garganta, domina o branco. Os olhos são pretos com uma pequena mancha redonda, junto de cada um, com penas mescladas de amarelo e branco. O peito, baixo ventre, são de cor grisalha mesclada de áureo; a cauda, preta; as penas das asas, fuscas com certo verde lustroso; as penas do meio das asas sobressaem por um verde vivo e cerúleo, no fusco; aqui também se encontra uma onda preta; a extremidade das rêmiges é branca. As pernas e os pés são de um vermelho notavelmente vivo. Esta ave, estando asseada se é segura pelos pés tinge-nos as mãos e a roupa com uma cor sangüínea-viva. Sua carne é de bom sabor, mas um pouco amarga.TIIEGUACUPAROARA (termo indígena). Ave do tamanho da cotovia com o bico curto, grosso, fusco na parte superior e branca na inferior. O alto da cabeça, os lados, a garganta, e parte inferior do pescoço tem penas amarelas com pontinhas sangüíneas (esta é a fêmea, porquanto o macho tem todas essas partes sangüíneas).A parte superior do pescoço e o dorso tem penas cinzentas, mescladas de uma certa sombra; as asas, tem penas fuscas com as extremidades brancas e assim é a cauda. Mas as asas são cobertas de penas cinzentas pela maior parte do dorso com exceção das extremidades. Os lados do pescoço, peito, ventre, parte superior das pernas são cobertos de penas brancas; a parte inferior das pernas e os pés são fuscos; os quatro dedos são dispostos como sempre, os olhinhos são pretos.TANGARA (termo indígena). Desta ave existem algumas espécies de cores diferentes. Primeira espécie. É elegante; do tamanho do tentilhão. Seu bico é reto um tanto grosso, preto; os olhos, pretos; a cabeça e pés fuscos com mescla de cinzento acima do bico uma mancha de penas pretas; a cabeça e o pescoço são cobertos de brilhantes penas verdes ou de cor verde-mar. O princípio do dorso é rodeado de penas muito pretas à maneira de um colar;
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado