História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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cor amarela escura ou de sombra, do mesmo modo as nadadeiras, os cornicho e a cauda. Há um pouco de cor áurea nas nadadeiras, como também na pele, junto do dorso, como soem ser todas as espécies dos redondos; considero-o uma espécie de redondo, porque pode de certo modo inchar o ventre.CAPEUNA (termo indígena). Peixe de corpo oblongo não largo, que chega ao comprimento até de sete dedos. A boca é acuminada e obtusa e possui, na mandíbula superior e na inferior, uma série de dentinhos mínimos; toda a cavidade da boca com a língua é de cor sangüínea viva. Os olhos são pequenos, do tamanho de um "stufer", cristalinos, com um círculo de cor variada, argênteo em parte. Tem sete nadadeiras a saber: uma, de cada lado, atrás das guelras, alongada, fina, quase triangular; duas triangulares, na parte inferior do ventre; uma depois do ânus, sustentada por uma forte espinha; uma extensa ao longo do dorso, cuja metade anterior pode ser ocultada e a posterior é mole, sem espinhas; a cauda é bicorne com uma nadadeira mole. É revestido este peixe de pequenas escamas argênteas, nas quais aparece algo de áureo. De cada lado, tem duas grossas linhas áureas, uma partindo da ponta da boca indo pelos olhos e pelo meio do lado à cauda; outra, indo mais acima pelo dorso. Na ponta da cabeça, a cor é escura; todas as nadadeiras são cor de cinza; o ventre e suas nadadeiras são brancas. Este peixe cozido é de bom sabor; é pescado entre os rochedos do mar.CAPÍTULO VIII Acarapitamba. Jaguacaguare. Pirametara. CA R APITA MB A (termo indígena), é um peixe de corpo alongado como o mulo ou o barbo e chega a ter dois ou mais pés de comprimento. Sua boca é pequena, com dentes;os olhos, amplos; a pupila cristalina com um círculo vivamente vermelho. Tem sete nadadeiras,a saber: uma da parte mais alta do dorso até o princípio da cauda, guarnecida de espinhas, da largura de um dedo ou um pouco mais; uma tênue e longa, depois de cada guelra; duas unidas, situadas debaixo do ventre; uma junto do ânus. A cauda consta de uma nadadeira de cinco dedos de comprimento, terminando-se em dois cornos oblíquos. Como a Carpa, é todo revestido de escamas de elegante azul purpurino. De um e outro lado, pelo meio, dos olhos à cauda, acha-se traçada uma linha da largura de um dedo e meio, de cor áurea; também pelo dorso e dos lados até esta linha, aparecem uns pontos maiores áureos; debaixo da mesma, dos lados, se encontram umas finas linhas amarelas ou áureas, no sentido longitudinal. O ventre aparece branco; as nadadeiras laterais e ventrais são de amarelo esbranquiçado; a dorsal e toda a cauda são de cor áurea. Assado é de bom sabor e melhor do que cozido. Suas nadadeiras brilham de noite. É pescado no mar. Este peixe é perseguido por um certo animalzinho crustáceo do comprimento de dedo e meio e da grossura de um, com figura alongada, como a cauda do caranguejo marítimo, e do mesmo modo formado e coberto. Consta de sete juntas e quatorze pernas curtas, guarnecidas de unhas agudas, sete de cada lado, com o corpo um pouco ampliado, na parte anterior. Seu corpo mole é envolvido como o caracol num invólucro de uma pele flexível; não aparecem claramente seus olhos ou a boca. Este animalzinho penetra na boca do peixe e agarra-se-lhe tão firmemente com suas unhas que não é possível ficar livre dele. Um deles vivia ainda no dia imediato ao da morte do hospedador; é de cor totalmente branca.