um pouco fusco na parte superior da cabeça e amarelado dos lados. De um e outro lado do corpo, no sentido longitudinal, tem este peixe nove estrias amarelas ou áureas, que vão da cabeça à cauda; além disso a uma distância de dois dedos dos olhos possui, no meio, sobre as nadadeiras, depois das guelras, uma mancha preta do tamanho de uma moeda. As nadadeiras, como no sargo, são cinzentas argênteas; todo o ventre é argênteo. Sua carne tem bom sabor. É pescado no mar e nos rios. Nota. A imagem da salema menor que dá Gesner, assemelha-se a esta nossa, mas não tem as nove estrias. Veja-se Aldrovando, lib. n, cap. 20, que dá a imagem da salema, mas não parece nada com esta nossa e é representada muito grosseiramente.UBARANA (termo indígena), é um peixe semelhante à nossa Truta, quase de igual grossura, com o dorso um pouco elevado, um pouco mais fino, em direção à cauda. O corpo é alongado, cilíndrico, mas um pouco quadrado, de um pé de comprimento e da grossura de meio pé. A cabeça é alongada ou dilatada, não grande; os olhos, do tamanho de um "stufer" com a pupila preta, rodeada de um círculo primeiramente áureo e depois argênteo no exterior. A boca é desprovida de dentes e uma espécie de pedra lhe serve de língua. No meio do dorso, tem este peixe uma única nadadeira do comprimento de quase dois dedos e da largura de um, na parte dianteira, com forma de trapézio, não firmada por duras espinhas. Depois da guelra, de cada lado, se acha uma nadadeira pequena, alongada e estreita, em direção à parte inferior; encontram-se igualmente duas laterais, junto da parte inferior do ventre, defronte da dorsal; há uma enfim pequena perto do ânus. Consta a cauda de uma nadadeira bifurcada semelhante ao arenque com mais de dois dedos de comprimento. Tem escamas pequenas dispostas em ordem linear, em toda a extensão do corpo com tanta arte que parece liso ao tacto, em qualquer parte. Olhado pela parte superior é da cor de oliveira, mas visto de longe ou de lado, parece argentes e lustroso; o dorso é argênteo azulado; o ventre, branco; as guelras são lisas, de sorte que parecem lâminas de prata.Assado é de bom sabor e não é necessário escamá-lo. Cozido não é conveniente pela quantidade de espinhas dispersas pela carne.PIRA ACA (termo indígena), é o peixe Monoceros de Clus. (lib. 6, cap. 28). Peixe Porco dos portugueses (a muitos deles dão este nome por causa da figura da cabeça). Tem ele de comprimento do princípio da boca ao começo da cauda, mais de três dedos, e de largura, dois, onde esta é maior; o corpo é largo e achatado; constituindo os lados a extensão e não o ventre ou o dorso. A boca é pequena, semelhante a uma figura de porco; acham-se na mandíbula inferior da frente dois dentes largos, como costumam ter certos peixes, mas na parte superior, pequenos; os olhos são bem grandes, amarelados, com a pupila preta. No dorso, na parte superior aos olhos, ele tem um cornicho, levantado para a parte posterior, um pouco curvo para trás, do comprimento de menos de um dedo, redondo, da grossura de um fio medíocre e com duas séries de dentinhos e espinhas agudas, pendendo-se para o dorso as pontas. Estes dentinhos são como que sustentados por uma tênue membrana, que adere transversalmente do dorso. Não pode porém abaixar o cornicho como pensa Clus. Da boca em direção à parte superior, se ergue a cabeça até o cornicho que se acha assentado como que numa colunazinha, depois em caminho reto é levado ao dorso e de novo se ergue, como a protuberância do camelo; aí uma tênue nadadeira, estreita, tem seu início e se estende num espaço de um pouco mais de um dedo, no dorso, o qual desce para a cauda, havendo na parte oposta inferior do corpo uma nadadeira semelhante. Da parte inferior da boca, desce o corpo, o qual possui de um e outro lado, debaixo dos olhos, uma pequena fenda em vez de guelras e, debaixo da fenda, uma pequena nadadeira quase com a figura de um paralelogramo. O corpo também, na parte inferior, se transforma numa nadadeira grossa e de mais de dedo e meio de largura e um de comprimento, a qual é sustentada por uma espinha firme, oculta na pele, tendo na extremidade um cornicho pequeno, cheio de espinhos. O princípio da cauda se manifesta como um quadrado, tendo uma nadadeira triangular retilínea, mas na ponta é um pouco curva, do comprimento de duas partes do dedo e da largura de um. A pele é áspera ao tacto, como a "Panapana" de
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado